A recente descoberta variante do coronavírus que se originou em Manaus, apelidada de P.1, pode estar associada a uma dificuldade de desenvolvimento de anticorpos contra a COVID-19, como alerta o novo boletim epidemiológico da Organização Mundial de Saúde (OMS). A suspeita, que ainda carece de mais estudos para entender a correlação, não altera a recomendação de vacinação contra a doença, medida reforçada pela diretora da Opas, Carissa Etienne, durante coletiva desta quarta-feira (10/2).
"Com base nas evidências que temos agora sobre as variantes preocupantes, estamos confiantes de que nosso portfólio crescente de vacinas COVID-19 continua útil e nos guiará até o fim desta pandemia", disse Etienne. Ela ressaltou que no futuro, talvez, será preciso adaptar as estratégias, mas disse que o mundo continuará contando com as vacinas. "O desafio agora permanece para garantir que essas vacinas sejam distribuídas de forma rápida e justa em nossa região, começando com aqueles que mais precisam delas", destacou.
Por meio do mecanismo multilateral Covax Facility, a intenção é fornecer doses de vacinas a pelo menos 20% da população de todos os países. Nas Américas, Etienne informou que a distribuição começa ainda em fevereiro. "Países da nossa região vão começar a receber entregas de vacinas até o fim deste mês".
A estratégia, no entanto, precisa ser combinada com uma série de medidas preventivas para limitar a propagação do vírus, como manter as medidas de distanciamento. Sobretudo diante do surgimento de novas variantes, que preocupam pelo potencial de transmissão e que, segundo Etienne, já atingem 20 países da região.
"As evidências que começam a sugerir é que algumas dessas variantes, como as detectadas pela primeira vez no Brasil e no Reino Unido, podem ser mais facilmente passadas de uma pessoa para outra, acelerando o aumento dos casos de COVID-19". Mesmo assim, segundo ela, "não há motivo para alarme, mas, sim, para atenção".
Aumento acelerado
Em Manaus, segundo o último boletim epidemiológico da OMS, divulgado nesta terça-feira (9/2), a organização chama atenção para o rápido aumento da incidência da P.1 na capital amazonense. Em dezembro de 2020, 52% dos diagnósticos positivos envolviam a nova linhagem. O percentual saltou para 85% em janeiro deste ano.
Diante das proporções e análises das amostras, o relatório da OMS aponta que a P.1 "pode potencialmente reduzir a neutralização de anticorpos", dificultando a resposta imune. Apesar da suspeita, ainda não é possível inferir se há mudança na transmissibilidade ou gravidade da doença.