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Estado de Minas NOVAS VARIANTES

Variante brasileira do coronavírus é identificada em 10 estados, diz Saúde

Já a variante do Reino Unido foi detectada no Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro


12/02/2021 21:13 - atualizado 12/02/2021 22:05

A nova variante foi identificada em pelo menos 10 estados brasileiros (foto: Pixabay)
A nova variante foi identificada em pelo menos 10 estados brasileiros (foto: Pixabay)
O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (12/2), que a variante brasileira da COVID-19, chamada P.1, foi identificada em ao menos dez estados brasileiros: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Quinze outros países - nas Américas, na Europa e na Ásia - também já identificaram a mesma mutação.
 

A pasta também disse que a variante do Reino Unido foi detectada no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o Brasil reduziu o número de exames de sequenciamento genéticos do vírus durante a pandemia, o que dificulta a identificação das mutações. O ministério afirma que validou dados até 10 de fevereiro.

Estes números ainda estão sendo atualizados dentro do próprio governo. A Fiocruz aponta a variante brasileira em somente 7 estados. Pernambuco também afirma ter registrado dois casos desta cepa. E a Bahia, 10.

Segundo apurou o Estadão, o Ministério da Saúde considera hoje que há pelo menos 170 casos da cepa brasileira identificados: Amazonas (110 casos), Espírito Santo (17), Pará (11), Paraíba (10), São Paulo (9), Roraima (7), Ceará, Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Santa Catarina.

Já a variante do Reino Unido foi encontrada em São Paulo (9 casos), Distrito Federal (2) e Rio de Janeiro (1), conforme dados internos do governo federal. Em nota, o governo do DF negou a identificação destes casos.

A Saúde também considera que há 5 casos de reinfecção por cepa variante, sendo 4 pela linhagem P.1. Outra reinfecção seria pela variante E484K. O ministério não quis se manifestar sobre os números de casos por estados obtidos pela reportagem.

Secretários estaduais ouvidos pela reportagem dizem que os números ainda estão sendo avaliados pela Fiocruz antes de serem todos divulgados. Segundo um secretário, a distribuição de casos já identificados pode não refletir a circulação do vírus nos estados, mas sim a capacidade de realizar os sequenciamentos genéticos.

Pressionado por investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suposta omissão na ajuda ao Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello tem apontado a variante brasileira como culpada pela explosão de internações pela COVID-19 no Estado. Em audiência no Senado, o ministro disse que essa cepa pode ser três vezes mais contagiosa.

OMS destaca preocupação com nova variante


Relatório semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a cepa amazônica (denominada P.1) como uma das que mais preocupam hoje, junto das variantes britânica e sul-africana. Investigações preliminares da entidade apontam que a mutação de Manaus pode reduzir a neutralização de anticorpos, mas ainda são necessários estudos adicionais.

Cientistas também se preocupam com o impacto das variantes na eficácia das vacinas contra a COVID-19. A África do Sul, por exemplo, suspendeu uso do imunizante Oxford/AstraZeneca após estudo preliminar mostrar baixo grau de proteção da vacina em relação à cepa achada naquele país. Testes conduzidos pela Pfizer apontam que o produto da farmacêutica americana neutraliza as variantes do Reino Unido e da África do Sul, mas ainda não há dados sobre a brasileira.

"Por isso teríamos de ter um controle maior da porcentagem de quantos casos de COVID-19 são por essa variante P.1, que é de preocupação. Ela pode ter comportamento semelhante à variante encontrada na África do Sul, sendo mais resistente aos anticorpos tanto de quem já teve a doença quanto de quem está sendo vacinado", diz Monica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. A capacidade de reinfecção pela variante de Manaus ainda é alvo de estudos.

A Paraíba informou na quarta-feira que a variante P.1 está em circulação no Estado, com três pacientes identificados. Só um deles era de Manaus. Conforme a Secretaria da Saúde, os casos não estão relacionados e apontam para circulação comunitária (não importada) da variante amazônica. O Ceará confirmou, no dia 8, a circulação da cepa - em dois homens, viajantes, e um terceiro, que mora no Estado. Mais 90 casos suspeitos estão em análise. Para a pasta, provavelmente já há transmissão comunitária no Ceará.

Piauí registrou caso de paciente transferido do Amazonas


No Pará, oito pacientes foram diagnosticados em Belém com a variante P.1 em 5 de fevereiro. Destes, cinco são de Manaus. Um manauara morreu, dois belenenses tiveram sintomas leves e outros cinco, o estágio mais grave da doença.

O Piauí registrou, no dia 2, um caso, detectado em um dos 23 pacientes transferidos de Manaus para realizar tratamento contra a COVID-19 em Teresina. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, ao chegar em Teresina, o paciente já não transmitia mais a doença, pois apresentou forma leve, e já estava com mais de 15 dias do início dos sintomas. O paciente já teve alta médica, foi curado e voltou para Manaus.

Com problemas de insuficiência de insumo hospitalar e falta de leitos de UTI no Amazonas, mais de 500 pacientes foram transferidos para leitos em outras regiões do País. Segundo o governo piauiense, também foram realizados procedimentos médicos de isolamento e proteção das equipes de saúde, assim como foram feitos testes na equipe que atendeu o paciente e não foi registrada infecção nem transmissão a terceiros.

Em São Paulo, em 26 de janeiro, a secretaria paulista da Saúde confirmou os três primeiros casos importados de COVID-19 no Estado causados pela variante originária de Manaus, os primeiros registros da nova variante fora do Amazonas. A confirmação foi feita pelo Instituto Adolfo Lutz. A cepa P.1 foi identificada pela primeira vez no Japão, em 10 de janeiro, em quatro pacientes vindos do Amazonas.

É preciso rastrear para tomar medidas de restrição ou vacinação, diz médica


"Precisamos de mais sequenciamento genético, principalmente nos estados mais afetados, para vermos se essa variante está tomando conta, até para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Seja de restrição ou de priorizar vacinação", diz a médica Monica Levi, da Sociedade Brasileira de Imunizações. Segundo levantamento feito pelo Estadão, em meio ao avanço da cepa amazônica, o Brasil reduziu o número de exames de sequenciamento genético do vírus. Entre março e maio de 2020, foram 1.823 sequenciamentos. Já entre novembro e janeiro, foram 585.

“O Brasil precisa testar mais e mais, saber o que está acontecendo em termos de circulação do vírus e saber qual a eficácia dos anticorpos de quem já teve a doença e dos vacinados", alerta Monica. Estudos apontam que a nova cepa surgiu no Amazonas entre dezembro e janeiro.

Além do Japão, a Coreia do Sul e o Catar foram os outros dois países asiáticos que identificaram essa cepa. Nas Américas, os vizinhos Argentina, Colômbia e Peru já têm registro, além de Estados Unidos e Canadá. A Europa já identificou a variante em Portugal, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Holanda. O governo britânico proibiu voos vindos do Brasil após a descoberta dessa linhagem.


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