O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, demonstra temor com a aceleração vertiginosa dos números do novo coronavírus no Brasil. Na visão dele, a nova variante da doença, surgida em Manaus, deu contornos ainda mais dramáticos ao cenário. Em entrevista por telefone ao Estado de Minas, Mandetta criticou a postura do governo ante a situação. Na visão do médico, o aumento no número de exames é fundamental para monitorar o avanço da cepa.
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Araraquara, no interior de São Paulo, sofre com a explosão de casos. A nova cepa infectou cinco pacientes de Manaus que morreram em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
“O Brasil não está fazendo o mapeamento genético para saber a velocidade de transmissão dessa nova cepa. Deveríamos estar fazendo para saber o que está acontecendo em outras cidades e onde o vírus está se aclimatando melhor com a nova cepa. A gente está testando pouco e, mesmo testando pouco, estamos achando (a nova cepa), no Rio, em São Paulo. Araraquara fez uma testagem maior e achou tendência de predomínio da nova cepa. Araraquara já comprovou grande número de circulação da cepa”, criticou Mandetta.
‘Megaepidemia’
Em janeiro, ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura, Luiz Henrique Mandetta apontou os riscos da nova cepa da COVID-19. À época, ele afirmou que, sem o mapeamento correto da variante, o país poderia enfrentar uma ‘megaepidemia’.
Ao EM, o ex-ministro evitou cravar quando o país pode sentir, em proporções ainda maiores, a nova variante, mas lembrou que o monitoramento é essencial para barrar a mutação.
“Se ela transmite em velocidade maior, vai acabar se impondo sobre a cepa anterior. Vai haver uma mudança de predominância. Agora, quanto tempo vai levar, a gente vai ver”, sentenciou.
Histórico
Segundo o mais recente boletim da doença, divulgado nessa quarta (17) pelo Ministério da Saúde, o país soma 9.978.747 infecções, com 242.090 baixas. Ministro da Saúde entre janeiro de 2019 e abril do ano passado, Mandetta deixou o Palácio do Planalto após entrar em rota de colisão com Jair Bolsonaro (sem partido). Enquanto o então chefe da saúde federal defendia a adoção de medidas restritivas, o presidente se mostrava cético em relação a ações do tipo.
Ele foi substituído pelo oncologista Nelson Teich, que durou menos de um mês no posto. O cargo foi ocupado pelo general Eduardo Pazuello, tido como especialista em logística. O militar assumiu interinamente e, tempos depois, acabou efetivado.