Defensor do eletrochoque, o psiquiatra Rafael Bernardon Ribeiro é o novo coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
A nomeação do médico foi publicada nesta quinta-feira (18/2), no Diário Oficial da União, ato assinado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Rafael defende a popularização da eletroconvulsoterapia, conhecida no passado como eletrochoque, e agora como ETC. O tratamento, que relembra a era dos manicômios, a tortura da ditadura e do nazismo, hoje é indolor e segue um protocolo rígido.
“A eletroconvulsoterapia é um tratamento utilizado na medicina desde 1938. Ele persiste justamente por ser muito bom. Tem uma resposta da ordem de 90%. O paciente tem algum benefício em 9 a cada 10 casos tratados”, defendeu Ribeiro.
Estudos com a ECT mostram resultados positivos em casos de depressão profunda e outras doenças graves que resistem a outros tratamentos, mas a ciência ainda não sabe o porquê o choque funciona.
O que é a eletroconvulsoterapia?
A eletroconvulsoterapia é um tratamento psiquiátrico no qual são provocadas alterações na atividade elétrica do cérebro induzidas por meio de passagem de corrente elétrica, sob condição de anestesia geral.Apesar de ser um método seguro e eficaz, esse tipo de terapia ainda é visto com preconceito pelos pacientes, profissionais da saúde, médicos não especialistas e a população geral, sendo rotulado pejorativamente como “eletrochoque”.
O tratamento é recomendado para pacientes com esquizofrenia, transtorno depressivo maior, transtorno afetivo bipolar, dentre outros.
Mandetta suspendeu
Após a liberação, em 2019, pelo Ministério da Saúde do expediente do eletrochoque, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o expediente seria revisto.
Mandetta deixou o ministério após desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), provocados por se recusar a aprovar protocolos do uso da hidroxicloroquina e os outros medicamentos afins para tratamento do novo coronavírus, que nunca teve até hoje eficácia comprovada pela ciência.
Currículo
Segundo consta em seu currículo, o médico já foi consultor do Ministério da Saúde de novembro de 2018 a dezembro de 2019. Além disso, foi coordenador adjunto na Coordenação-geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas da pasta de novembro de 2017 a julho de 2018.
Ele também atuou como assessor técnico na área de Saúde Mental do governo de São Paulo de abril de 2012 a dezembro de 2018. No momento, atua em tempo integral como diretor técnico do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).