O Acre chegou ao sexto dia do decreto de situação de emergência neste domingo (21/02), em meio a um cenário de enchente recorde, surto de dengue, pandemia da COVID-19 e crise migratória na fronteira com o Peru. Pelo menos 130 mil pessoas foram atingidas pelas cheias dos rios e, segundo um balanço estadual, 1.354 famílias estão desalojadas ou desabrigadas.
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Fiocruz confirma chegada de novo lote de vacinas ainda em fevereiro''O vírus nos surpreende a cada três meses'', afirma imunologista Minas foi o estado do Sudeste que mais recebeu cloroquinaBrasil registra 527 mortes por COVID-19 em 24h; total chega a 246.504A luta dos universitários indígenas para não desistir das aulas em ensino remoto nas aldeias durante a pandemiaNo caso das cheias, ao menos dez municípios foram atingidos, incluindo a capital, Rio Branco. Os demais são: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Tarauacá, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Porto Walter, Feijó, Jordão e Rodrigues Alves. A enchente também afetou plantações ribeirinhas, causando prejuízos.
Na capital, o Rio Acre chegou a 15,77 metros na quarta-feira, 17, dois metros acima do nível de transbordamento, atingindo ao menos dez bairros. Em Tarauacá, estima-se que 90% do município foi afetado pela cheia do rio de mesmo nome. Já em Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves, o nível do rio Juruá é considerado o maior já registrado.
Em relação à pandemia, o Estado também está em nível de emergência (cuja classificação local é a cor vermelha) desde 1º de fevereiro, com reavaliação prevista para esta segunda-feira (22/02). O governo Gladson Cameli (PP) já fala em temor por um possível colapso do sistema de saúde.
No balanço de sábado, a Secretaria de Estado de Saúde registrou 181 novos casos de coronavírus em 24 horas, chegando a um total de 54.743, dos quais 24.552 estão concentrados na capital. Outros 680 estão em análise. No mesmo período, foram registrados seis novos óbitos, o que elevou para 957 o registro de mortes desde o início da pandemia.
No sábado, o Estado estava com 357 pacientes internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave, dos quais 278 tinham teste positivo para COVID-19. Na rede de referência do Sistema Único de Saúde (SUS), a ocupação é de 91,1% nas UTIs e de 85% nos leitos clínicos. A média é ainda mais alta em alguns hospitais de referência, como o Geral de Clínicas de Rio Branco, que estava com 96% de ocupação no último balanço.
Ainda no setor sanitário, o Acre enfrenta um surto de dengue. Segundo o governo, cerca de 80% dos atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Rio Branco são de pacientes com a doença. Na capital, há 8,6 mil casos suspeitos e 1,5 mil confirmados.
O Acre enfrenta ainda uma crise migratória na fronteira com o Peru. Cerca de 400 imigrantes, a maioria do Haiti e da Venezuela, estão acampados nas proximidades da Ponte da Amizade desde o dia 13. Eles reivindicam o retorno para os países de origem, o que não é possível por causa do fechamento de fronteiras motivado pela pandemia. "A retenção dos estrangeiros em Assis Brasil preocupa autoridades e moradores do município com um possível aumento nos casos de coronavírus", alertou o governo estadual.
No sábado, o Estado lançou uma campanha para pedir doações de itens essenciais, como colchões e cestas básicas, na qual destaca: "O Acre precisa agora de todo o Brasil". Nas redes sociais, a hashtag #SOSACRE chegou a ficar entre as mais compartilhadas nos últimos dias.