Uma mulher trans, de 25 anos, morreu na madrugada deste domingo (21/02), após ser abandonada inconsciente dentro de uma clínica de estética, no Centro de São Paulo, durante um incêndio no local na última quarta-feira (17/02), segundo o marido da vítima, comunicador Washington Barbosa.
Lorena Muniz estava sedada para a realização de um procedimento cirúrgico para implantação de próteses mamárias quando um ar condicionado do estabelecimento começou a pegar fogo. Washington conta que a esposa inalou fumaça e ficou inconsciente por sete minutos antes de ser retirada da sala de cirurgia.
Lorena, então, foi levada ao Hospital das Clínicas, onde permanecia internada em estado grave no pronto-socorro da unidade. Contudo, ainda na madrugada deste domingo, a morte cerebral da jovem foi constatada.
Marido
A notícia sobre o falecimento de Lorena foi divulgada por meio do Instagram pessoal do marido. Washington, aos prantos, clama por justiça e diz que a vida da esposa teria custado R$ 4 mil. Em seguida, o comunicador publicou diversas fotos do casal.
Lorena e Washington moravam no Recife. As parlamentares trans Erica Malunguinho (PSOL) e Erika Hilton (PSOL) se mobilizaram para ajudá-lo a ir para São Paulo acompanhar a esposa internada.
Apoio
As parlamentares publicaram nas redes sociais notas de pesar diante da tragédia envolvendo a Lorena. Erica Malunguinho destacou que muitas mulheres trans e travestis são vítimas de clínicas que realizam cirurgias que "não garantem a segurança e qualidade dos procedimentos". "É uma realidade no Brasil. Profissionais não habilitados, ambientes inadequados Ao contrário do que pensam, isso não é um procedimento estético, e sim parte da luta das pessoas trans e travestis em se encontrarem no corpo de suas identidades", diz.
Erika Hilton colocou a sua equipe jurídica à disposição do comunicador e da família de Lorena. "Exigimos investigação e justiça".
Investigação
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em nota, afirma que foi solicitada perícia no estabelecimento e também um exame de corpo de delito. O caso foi registrado como incêndio e lesão corporal culposa no 1º Distrito Policial (Sé), que investiga o caso por meio de um inquérito policial.
Segundo o boletim de ocorrência, homens realizavam a manutenção de cabos de energia elétrica na rua quando aconteceu a explosão na clínica, dando início ao incêndio.
Procurada pelo Correio Braziliense, a clínica Paulino Plástica Segura não havia respondido até a última atualização desta reportagem.