Para combater as novas variantes e sonhar com um futuro melhor, o país precisa vacinar em massa e rápido. Especialistas calculam que o país pode alcançar a marca de 300 mil mortos no fim de março se a situação permanecer a mesma. Um cenário de lentos passos na vacinação que não imuniza o grupo de risco da forma adequada pode resultar em um grande colapso do sistema de saúde.
O infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Julival Ribeiro, também apontou para a pouca variedade de vacinas oferecidas no país. “O que nós estamos vendo é que a gente deveria ter muito mais tipos de vacinas, outras plataformas de vacina, da PFizer, da Moderna, para que a gente pudesse utilizar o maior número de tipos de vacinas na população”, disse.
O governo federal só tem contrato assinado com o Instituto Butantan, para a compra da vacina CoronaVac; com a Fiocruz, para a compra da Covishield, conhecida como vacina de Oxford; e também com o consórcio internacional Covax Facility, pelo qual deve receber mais doses da Covishield.
O médico sanitarista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Adriano Massuda, aponta um novo problema que pode surgir com a demora em criar um plano de imunização e de coordenação. O resultado é a pandemia mais longa no país e, consequentemente, um período de mais isolamento e que agrava a retomada econômica. Esses fatores ainda se somam a profissionais de saúde cansados, leitos que estão sendo fechados e uma série de doenças que não foram tratadas ao longo da pandemia que pressionam o sistema de saúde.
“Além disso, os recursos que tivemos acesso no ano passado, não serão disponibilizados esse ano. Não podemos contar com essa estrutura. E sem um controle dessa epidemia, teremos uma alta demanda com baixa resposta. É um cenário desesperador”, conclui o médico.
Para o futuro, Julival acredita que é necessário fazer uma coordenação a nível nacional, convocar vários cientistas para que seja realizada uma análise crítica do que foi feito até hoje. “Precisamos de estudos sobre as novas variantes, se são mais transmissíveis, se a vacina vai funcionar, fazer testagem em massa na população e fazer um estudo genético da nova cepa para saber como ela está se espalhando. Eu sou a favor do que a gente chama de bloqueio. Por exemplo, em Manaus, com tudo que está acontecendo, tinha que ser feita uma vacinação de bloqueio em massa na região Norte. Mas para isso, é preciso ter uma discussão científica baseada em dados”, concluiu. (BL, CS, MEC e NT)