O estado de São Paulo e a cidade de Porto Alegre registraram, nesta segunda-feira (22/2), o maior número de pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs), com COVID-19. O aumento do número de casos graves e a ocupação recorde dos leitos destinados ao coronavírus têm deixado as autoridades das duas localidades em alerta para a possibilidade de colapso em seus sistemas de saúde.
O estado de São Paulo atingiu seu maior número de internações desde o início da pandemia de coronavírus no ano passado. Houve um aumento de 5,6% em relação à semana anterior e o governo avisou que está alerta para o problema.
"Nossa atenção está ainda maior. Esse incremento de 5,6% no número de internações mostra o quanto existe a circulação intensa do vírus. Em julho de 2020 tivemos o pico de 6.250 pessoas internadas, agora atingimos nesta segunda, o número de 6.410 pacientes internados em UTI. Ultrapassamos o maior número da história da pandemia e temos que ter uma atenção especial a algumas regiões do estado", comentou Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde.
Algumas cidades do interior do Estado, por causa do aumento da pandemia e do colapso no sistema de saúde, decretaram "lockdown" para tentar reduzir a transmissão do vírus entre as pessoas. Araraquara é um desses municípios que fecharam tudo para tentar conter a contaminação. Ao mesmo tempo, o governo vem ampliando a oferta de leitos, mas a situação parece que pode ser replicada para outras cidades.
Segundo João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência da COVID-19 de São Paulo, é preocupante a situação no interior do estado.
"O Centro de Contingência apresentou recomendações extraordinárias e o governo está fazendo análise disso. Essas medidas adicionais ao Plano São Paulo serão anunciadas na quarta-feira, para entrarem em vigor na sexta-feira. Entre elas está a redução da mobilidade, que é o que podemos fazer nesse momento para reduzir a transmissibilidade", disse.
Para Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da COVID-19, todas as medidas serão importantes para tentar conter o avanço da doença nas cidades paulistas. "Alguns municípios têm intensificado medidas de restrição além do que o Plano São Paulo coloca. Isso deve auxiliar na redução da transmissão", acredita.
Atualmente, a taxa de ocupação de leitos no estado está em 67,9%. Nesta segunda-feira (22/2), foram registrados 1.978.477 casos, sendo 2.550 nas últimas 24 horas, e o estado atingiu a marca de 57.842 mortes, sendo 43 mortes registradas nas últimas 24 horas.
Vacinação pode ajudar a reduzir a transmissão
Outro ponto importante para a redução da transmissão é a vacinação. Na próxima sexta-feira (26/2), o governo vai anunciar quais serão as novas faixas etárias de imunização.
Nesta segunda-feira (22/2), o estado atingiu a marca de 2.033.582 pessoas vacinadas, segundo Regiane de Paula, coordenadora de controle de doenças da Secretaria de Estado da Saúde.
Doria anunciou também que a partir desta terça-feira (23/2), o Instituto Butantan começará a enviar a remessa de 3,4 milhões de doses da Coronavac, vacina contra o novo coronavírus, ao Ministério da Saúde. De acordo com o governador, serão entregues em média 426 mil doses diárias do imunizante para a pasta.
O governador disse, ainda, que estará nesta terça, às 9h da manhã, no Instituto Butantan - que completa 120 anos na data - acompanhando a entrega de doses da vacina para a pasta. Ele declarou que em reunião com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, na manhã desta segunda-feira (22/2), solicitou empenho para "se possível", aumentar o número de doses disponíveis para o Ministério da Saúde, aumentando o tempo de trabalho e o número de profissionais no instituto.
Porto Alegre
A capital do Rio Grande do Sul é outra que apresenta números elevados. Segundo o painel de monitoramento das unidades de terapia intensiva (UTIs) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (SMS), 349 pacientes estão internados em estado grave até as 16h desta segunda-feira (22/2). Este é o número mais alto desde a chegada da COVID-19 à capital gaúcha.
O recorde anterior havia acontecido em 2 e 4 de setembro do ano passado, quando eram 347 pacientes em estado crítico. A prefeitura trabalha com o limite máximo de 383 leitos destinados para pessoas com a COVID-19, sem que o sistema de saúde entre em colapso.
Os internados com coronavírus, nesta segunda-feira, representam um aumento de 16% em relação à semana anterior e sinalizam um progressivo esgotamento do sistema de saúde.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde, 53 pessoas com sintomas de COVID-19 aguardavam em emergências por uma vaga nas alas de tratamento de alta complexidade.
Além disso, já são seis UTIs lotadas entre os 17 hospitais listados no painel da secretaria.
Os hospitais Moinhos de Vento, São Lucas, Mãe de Deus, Independência, Fêmina e Restinga não tinham mais vagas disponíveis até o meio da tarde.
A média diária de pessoas internadas ao longo de uma semana ficou em 327, representando um acréscimo de 15,3%, em comparação com o período anterior.
Alguns especialistas acreditam que uma das hipóteses para essa escalada, ainda sem confirmação científica, é que ela seja reflexo do impacto de novas variantes em circulação.
(Com agência)
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria