O governador de São Paulo, João Doria, criticou, nesta quarta-feira (24/2), o fato de o Ministério da Saúde ter voltado atrás na própria recomendação e indicar que os estados e municípios deverão manter em estoque metade das doses da CoronaVac, a fim de garantir a segunda aplicação no intervalo de até 28 dias.
A nova recomendação, que contradiz a fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante reunião com a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), foi dada no novo informe técnico de distribuição das vacinas contra a covid-19, no qual a pasta considera “que ainda não há um fluxo de produção regular”.
A divergência de orientação entre o líder da pasta e o próprio órgão, segundo Doria, causa confusão. “Nós vamos acreditar em quem? No ministro ou no ministério? É o verdadeiro samba do ministério louco”, comentou, definindo o trocadilho como um “comentário bem humorado”.
O governador frisou, ainda, que a mudança repentina de posicionamento tem ocorrido ao longo de toda a pandemia. “Um dia tem uma posição, no dia seguinte, outra. Um dia tem vacina, no outro, não tem vacina. Um dia não tem seringa, não tem agulha e quer interditar os estados que têm. É difícil administrar assim”, reclamou.
Dentro do prazo
Ao comentar a necessidade de garantir a segunda dose no tempo estabelecido pela bula, o secretário de Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, ressaltou que, mediante os riscos de desabastecimento, o estado tinha, por responsabilidade, garantir o reforço dentro do prazo.
“Hoje, com a atualização do fornecimento dos insumos, da produção, da fábrica do Butantan, das doses que estarão sendo disponibilizadas semanalmente [...], vamos ter vacinas, sim”, garantiu Gorinchteyn, reafirmando o fluxo de fornecimento.
O próprio Instituto Butantan, responsável pela finalização da CoronaVac, indicou que não haverá interrupções nas liberações.
“Com relação a matéria-prima, ontem (segunda-feira) foi autorizada a exportação de 8,2 mil litros da matéria-prima da China, que devem chegar na semana que vem. Mais uma partida chegando. Não vamos ter problemas, neste momento, não temos nenhuma previsão de problema com o fluxo de matéria-prima”, disse o diretor do Butantan, Dimas Covas, durante coletiva de imprensa na terça-feira (23).
Apesar da garantia, o governo de SP informou que seguirá os ritos de vacinação da maneira com que forem definidos.