Em um ano de pandemia, o coronavírus matou 250 mil pessoas no Brasil. A triste marca foi atingida nesta quarta-feira (24/2), num momento em que o país superou a marca de 10 milhões de casos. O número absoluto de óbitos foi de 250.036, de acordo com o consórcio formado por veículos de imprensa. A multiplicação de vidas perdidas estabelece números assustadores em menos tempo.
O país obteve a pior média móvel de mortes desde o início da pandemia: 1.124. Nas últimas 24 horas, 1.428 perderam a batalha pela doença, o que vem alertando autoridades de saúde e municípios em todo o país. Durante os últimos 34 dias, o Brasil teve média de mortes superior a 1 mil por dia.
Além de restringir as atividades, vários prefeitos e governadores determinaram toque de recolher em todo o país. O objetivo é dar fôlego aos sistemas de saúde, que vivem colapso, com taxas de ocupação de leitos de UTI acima dos 95%.
"Não acredito que as medidas de isolamento adotadas pelos estados tenham sido insuficientes. A taxa de isolamento da população é que não foi suficiente. Acho que as ações propostas deveriam ser cumpridas com mais rigor para prevenir mortes", analisa o professor da escola de medicina da USP em Ribeirão Preto, Fernando Bellíssimo.
O poder público espera também acelerar o processo de vacinação nos estados e municípios. Desde que foi divulgado o Plano Nacional de Imunização (PNI), o governo federal mudou regras de aprovação de imunizantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para acelerar o processo e garantir mais doses em menos tempo.
Depois das aprovações da CoronaVac e da AstraZeneca, a Anvisa encaminha a aprovação e a compra das vacinas Pfizer e da Janssen para aumentar a demanda para os brasileiros.
Até o momento, o Brasil aplicou 6,1 milhões de doses de vacina. Em Minas Gerais, 530 pessoas já receberam o imunizante desde dezembro de 2020.
"Até setembro do ano passado, o governo federal não acreditou em vacina, desdenhou da ciência e recusou ofertas da Pfizer e do Butantan. Poderíamos estar com 20% da população vacinada se tivéssemos feitos as encomendas certas. Não houve visão estratégica do governo federal. Logo, é o barato que sai caro", diz o professor da USP.
Escalada de mortes
Os brasileiros haviam contabilizado a marca de 200 mil mortes há 47 dias, em 7 de janeiro. Anteriormente, a faixa das 150 mil vidas perdidas ocorreu 88 dias antes (quase três meses), em 10 de outubro, num período marcado pelo relaxamento das medidas de isolamento e pelas eleições municipais.
Na visão de Bellíssimo, o poder público contribuiu muito para o gráfico de aceleração das mortes: "A população mais jovem praticamente não aderiu às medidas. Mas outros fatores que interferem, como a organização do sistema de saúde, a falta de oxigênio e de respiradores ou mesmo de leitos. O poder público não se organizou para o momento. O governo federal também tem sua parcela de culpa, à medisda que o presidente aparece sem máscara na frente das câmeras e incentiva o uso de medicamentos sem eficácia comprovada", afirmou.
O primeiro óbito por COVID-19 foi notificado pelo Ministério da Saúde em 17 de março do ano passado, quase um mês depois de o país contabilizar o primeiro caso. Foram necessários quase 100 dias para que o país chegasse aos 100 mil mortes, estabelecida no início de agosto.
Em número de contaminações, o Brasil passou de 10,3 milhões de infectados, com impressionante taxa de incidência de 4,9 mil casos por 100 mil habitantes. Nas últimas 24 horas, mais de 66 mil pessoas contraíram o vírus.