Desde janeiro, quando as vacinas foram aprovadas para uso emergencial no Brasil, postagens que levantam suspeitas sobre a eficácia da imunização acumulam ao menos 600 mil visualizações e 22,5 mil compartilhamentos no Facebook, além de circularem no WhatsApp.
Entretanto, levantamento da Aos Fatos, agência de jornalismo independente especializada em checagem de informações, esclarece várias questões sobre as vacinas contra o coronavírus. %u2028
Mas, afinal, quem já foi vacinado pode contrair COVID-19 ou contaminar outras pessoas? Os imunizantes em uso no país são seguros? Explicamos a seguir.
É possível pegar COVID-19 depois de vacinado?
Sim. As vacinas têm uma taxa de eficácia global que indica a capacidade de o imunizante reduzir as chances de um vacinado contrair a doença. A taxa da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, é de 50,38% – ou seja, quem receber as duas doses pode ficar 50,38% menos suscetível à contaminação pelo novo coronavírus. Já a vacina Oxford/AstraZeneca, produzida em parceria com Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), alcança uma eficácia global de 82,4% após a segunda aplicação.
Nos dois casos, são necessárias duas doses para que a imunização seja eficaz, e a proteção não se dá imediatamente após a aplicação. Na CoronaVac, a imunidade prevista pela taxa de eficácia global geralmente é alcançada duas semanas após a segunda dose, que deve ser aplicada em um intervalo de 14 a 28 dias depois da primeira, segundo nota do Instituto Butantan. Além disso, o número de anticorpos pode continuar em crescimento até um mês após a segunda imunização, dependendo do organismo.
Já quem tomar a primeira dose da Oxford/AstraZeneca pode ficar 76% menos suscetível a contrair a COVID-19 entre o 22ª e o 90ª posterior à aplicação, segundo um estudo preprint (não revisado por outros cientistas) publicado na revista The Lancet no início de fevereiro. Depois desse período, a segunda dose deve ser aplicada para completar os 82,4% de eficácia geral.
Apesar da diferença entre as taxas de eficácia global da CoronaVac e da vacina de Oxford, é importante que não haja comparação entre elas. Conforme explicou Laura de Freitas, microbiologista e pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo), as taxas variam de acordo com o tipo de vacina e do método de pesquisa realizado. O Aos Fatos explicou mais sobre o assunto em janeiro.
Além da taxa de eficácia global e do tempo que demora para a produção de anticorpos, para que a imunidade seja eficaz é preciso levar em consideração também a cobertura vacinal. Isso porque apenas quando grande parte da população estiver imunizada é que será possível controlar a propagação do vírus e reduzir os casos graves. Até o início dessa semana, apenas 2,79% da população havia sido vacinada no Brasil, segundo a Fiocruz.
É possível contaminar alguém mesmo estando vacinado?
Ainda não se sabe ao certo se as vacinas são capazes de bloquear ou não a transmissão do vírus. Em meados deste mês, a CoronaVac começou a ser aplicada massivamente na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, para avaliar o seu potencial de diminuição da taxa de transmissão do vírus. A divulgação dos resultados está prevista para a segunda quinzena de maio.
O preprint sobre a vacina de Oxford/AstraZeneca publicado no início de fevereiro afirma, com base na carga viral avaliada em voluntários, que a chance de transmissão do vírus foi reduzida 67% após a primeira dose do imunizante. Entretanto, os estudos clínicos seguem em andamento.
No momento, enquanto a grande maioria da população ainda não foi vacinada, é necessário continuar com as medidas de prevenção, por exemplo, usar máscara e evitar aglomerações.
As vacinas são seguras?
Sim. Nenhuma das mortes relatadas nas redes sociais provou ter relação com as vacinas em uso no Brasil, CoronaVac e Oxford/AstraZeneca. Além disso, os resultados das pesquisas realizadas com os dois imunizantes não mostraram efeito colateral grave.
A CoronaVac não apresentou efeitos adversos graves nas duas primeiras fases do ensaio clínico. O estudo publicado na revista científica The Lancet em novembro mostrou que, na fase 1, a taxa ficou entre 13% e 38%, com predomínio de sintomas leves, como dor no local da injeção. Como grave e possivelmente relacionado à vacina, foi relatado apenas um caso de urticária em que o participante foi medicado, se recuperou e não apresentou outras reações ao tomar a segunda dose.
Os resultados apresentados na The Lancet no dia 8 de dezembro sobre a vacina de Oxford/Astrazeneca também não indicaram efeito adverso grave ou morte. Durante os testes, 175 eventos graves foram observados, mas apenas três deles (anemia hemolítica e mielite) poderiam ter relação com a vacinação.
Essas informações também estão disponíveis nas bulas autorizadas em janeiro pela Anvisa tanto da CoronaVac quanto da de Oxford/AstraZeneca.%u2028%u2028
Publicações sobre mortes após a vacinação contra COVID-19 relacionadas a outros imunizantes contra COVID-19 têm sido recorrentes em diferentes países, mas também não houve comprovação de alguma relação.
O que é o coronavírus
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus