O termo em inglês lockdown, que em tradução literal significa fechamento total, se popularizou quando a medida foi adotada pela Itália no auge da primeira onda da COVID-19 em março do ano passado, quando morriam cerca de 1 mil pessoas por dia no país europeu.
O Brasil, há mais de 30 dias, confirma mais de mil mortes por dia e ontem superou a marca de 1,5 mil. O que está sendo adotado pelas cidades brasileiras onde o sistema de saúde entrou em colapso é lockdown ou não?
Para fazer frente à superlotação dos sistemas de saúde, que estão em colapso em várias regiões do país, a medida surge como única forma de conter a doença. Mas, muitas vezes, diante da compreensão equivocada do termo, governos adotam medidas que ainda estão distantes do conceito original, mas recebem a denominação.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, afirma que o município de Araraquara foi o que mais se aproximou da medida de forma correta.
"Lockdown é uma situação extrema. Só funcionam os serviços ultraessenciais, como farmácias, hospitais e supermercados. As pessoas não podem sair às ruas. Se saem são penalizadas por isso. Podem ser multadas e até presas. Em alguns locais, a pessoa tem que explicar para onde vai quando sai de casa. Se não tiver explicação, a pessoa é punida", diz o infectologista que compõe o Comitê de Enfrentamento à COVID-19 em Belo Horizonte. Segundo ele, nos momentos mais duros do fechamento no ano passado, a capital mineira adotou um semilockdown.
"BH não adotou o lockdown de forma literal. Foi um semilockdown. Durante o fechamento, as pessoas que saíam de casa, mesmo quando não era para questões essenciais, não eram punidas", pontua o infectologista.
Leitos no limite
Levantamento da Fiocruz apontou que os leitos de terapia intensiva em hospitais chegaram ao maior nível de ocupação em 17 capitais, sendo os casos mais graves em Porto Velho (100%), Florianópolis (96,2%), Manaus (94,6%), Fortaleza (94,4%) e Goiânia (94,4%). A explosão dos casos levou o Governo de Santa Catarina anuncioar um lockdown para este final de semana em todo o estado.
No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha adotou medidas restritivas para evitar a proliferação da doença, mas nega aderir ao lockdown. No DF, a partir de segunda-feira (1º de março), as atividades econômicas serão suspensas das 20h às 5h, à exceção de serviços essenciais. O que está sendo chamado de toque de recolher deve durar 14 dias.
Essa discussão toma a cidade de Salvador, onde a situação está bastante crítica. O secretário de Saúde de Salvador Leonardo Prates afirma que a partir desta sexta-feira (26/2), a cidade adotará medidas de restrição duríssimas. "As coisas estão bem difíceis. Momento mais crítico para mim da pandemia. Recorde de solicitações das UPAs municipais", diz.
Na avaliação do secretário da capital da Bahia, ainda não é lockdown, mas a população está denominando as medidas dessa forma. Ele afirmou que só funcionará os serviços sociais e ordem do governador para que a Polícia Militar aja de forma enérgica com quem descumprir.
"A pressão sobre o sistema de saúde nunca esteve tão grande. Nosso desafio é sobreviver até sexta feira que vem. De hoje a oito", afirma.O secretário diz que ainda não é possível medir os efitos do toque de recolher decretado na semana passada. " Vamos entrar em restrições duríssimas amanhã como nunca tivemos. Comércio fechado, bares fechados, transporte marítimo suspenso, transporte reduzido. As pessoas aqui estão chamando de lockdown", diz. "Só não vamos fechar supermercado e farmácia", acrescenta.
O que é o coronavírus
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus