A aceleração da COVID-19 em algumas capitais, um ano depois que a doença chegou ao Brasil, pressionou sistemas hospitalares e obrigou autoridades a adotar medidas restritivas para conter o avanço da doença. Casos, por exemplo, de Brasília, São Paulo e Porto Alegre, que, a exemplo de Belo Horizonte no começo de 2021, passarão a restringir o funcionamento do comércio.
Com a alta da COVID-19 em Belo Horizonte e o aumento da demanda por leitos de terapia intensiva, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) determinou que, a partir do dia 11 de janeiro, somente o comércio essencial poderia funcionar. Naquela época, BH registrava 86% de ocupação de UTI. No dia 29 do mesmo mês, o funcionamento dos estabelecimentos foi flexibilizado. A capital mineira ficou 23 dias com o índice que afere a ocupação de leitos fora do alerta vermelho, fato que não aconteceu nesta sexta-feira (26/02), quando 70,1% das UTIs registravam pacientes.
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Rondônia não tem mais leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19Com mais de 90% dos leitos de UTI ocupados, PE determina toque de recolherDF decreta lockdown por 24 horas e só vai permitir serviços essenciais Colapso: Uberlândia e Porto Alegre começam a repetir ManausCOVID-19: confira a situação do sistema de saúde de cada estadoMilitares do Exército são flagrados desviando alimentos no ParáPara tentar conter o avanço da COVID-19 e a pressão hospitalar, o governo do Distrito Federal antecipou o lockdown em Brasília a partir da meia-noite deste sábado (27/02). Todos os serviços não essenciais estarão suspensos por 24 horas. A medida tinha previsão para começar na segunda-feira (1º/3), com restrição das 20h às 5h, mas a superlotação de leitos de terapia intensiva obrigou as autoridades a determinar medidas rigorosas em caráter de urgência.
“A escalada dos casos nos obriga a interferir diretamente e eu decidi decretar lockdown para tentar conter esse avanço da doença. Ninguém fica feliz com uma decisão dessa, ao contrário, mas é preciso ter responsabilidade nessa hora, ainda que seja uma medida impopular. Só os serviços fundamentais vão funcionar”, disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), ao Correio Braziliense.
Já São Paulo entrará, a partir de segunda-feira, na fase laranja da quarentena, que não permite o funcionamento de bares e autoriza restaurantes a funcionar até 20h. Na última quarta-feira, o governo do estado já havia anunciado um "toque de recolher" em todo o território paulista entre 23h e 5h.
A medida começa a valer nesta sexta-feira e deve durar até 14 de março. A norma permite o funcionamento de escolas, seguindo protocolos, assim como serviços essenciais. No entanto, estabelecimentos não-essenciais não poderão abrir. A Polícia Militar (PM) fará blitzes educativas, sem a aplicação de multas para quem estiver circulando no horário da restrição.
A pressão por leitos de terapia intensiva na capital paulista atinge até hospitais renomados, como o Albert Einstein, que estava com todas as vagas preenchidas, pelo menos até a manhã desta sexta-feira, assim como o Hospital Emílio Ribas. O Sírio-Libanês estava com 97% das unidades preenchidas. Com a situação crítica na saúde, o governo do estado está estudando incluir um plano de retomada da economia mais restritivo que o "vermelho", considerado o mais rigoroso
"O centro de contingência está estudando para propor a inclusão, no Plano São Paulo, de uma nova classificação, que poderia obviamente ter mais restrições do que a fase vermelha", disse o coordenador-executivo do Centro de Contingência da COVID-19, João Gabbardo.
Porto Alegre também está em situação crítica no que diz respeito à ocupação de leitos de UTI. A capital do Rio Grande do Sul está com 97,87% das vagas preenchidas. O fato contribuiu para que o governo estadual classificasse todas as regiões do RS em "bandeira preta". A medida prevê a suspensão geral de atividades das 20h às 5h até as 5h do dia 2 de março. Com isso, somente o comércio essencial está liberado para funcionar, porém, com equipe reduzida para evitar aglomerações. Celebrações religiosas não podem receber fiéis e o transporte coletivo poderá ser ocupado até 50% da capacidade total dos veículos.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), discordou da decisão do governador Eduardo Leite (PSDB) e disse que tentará abrir mais leitos na capital do Rio Grande do Sul. “Eu respeito a decisão do governador, mas não concordo. Nós vamos seguir trabalhando para abrir leitos e salvar vidas. Mas, não podemos descuidar da falta de renda e emprego, que está sufocando Porto Alegre.”