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Estado de Minas VIOLÊNCIA

Mulher avisa com bilhete a funcionário de banco que era vítima de agressões

Mulher, de 27 anos, pediu ajuda escrevendo: 'Você pode me ajudar? Ele está aí fora'


04/03/2021 08:52 - atualizado 04/03/2021 09:20

(foto: Dilvugação)
(foto: Dilvugação)
“Você pode me ajudar? Ele está aí fora”, escreveu uma mulher de 27 anos em um papel de extrato bancário. O pedido de socorro informando sobre violência doméstica foi entregue a um bancário, em uma agência de Sobradinho, no Distrito Federal. O funcionário que recebeu o bilhete conversou com a reportagem e relatou a situação. “Ela (vítima) estava nervosa, com medo e assustada”, contou o bancário, que preferiu não se identificar.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou inquérito para apurar os crimes de cárcere privado, violência física e psicológica. Até a mais recente atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso. Casal ficou junto durante 5 anos, entre idas e vindas.

Era tarde de segunda-feira, quando a vítima e o companheiro foram a uma agência bancária, de Sobradinho, para sacar o bolsa-família. O funcionário conta que estava no caixa e se surpreendeu quando recebeu o papel entregue pela mulher. “Eu levei um susto na hora, li o que estava escrito e decidi manter a calma para saber o que podia fazer”, disse. Na mensagem, a jovem escreveu: “Você pode me ajudar? Ele está aí fora”. A frase veio acompanhada por um “Xis”, símbolo que alerta para a violência doméstica.

Assustado, o servidor pediu para que a mulher anotasse as informações em um outro papel, contendo os dados pessoais. No novo bilhete, ela afirmou que residia no Condomínio Mestre D’armas, em Planaltina. “Se os policiais baterem, ele não vai atender. É para os policiais insistirem, pois ele vai fingir que não está em casa. Não posso passar telefone. Ele pode atender”, finalizou a vítima, na mensagem. Devido à pandemia, apenas uma pessoa pode entrar na agência. O servidor conta que o homem estava do lado de fora da agência, esperando pela mulher. “O celular dela não parava de tocar. Na linha, uma pessoa perguntava se ela já tinha sido atendida, provavelmente era ele. E ela estava muito nervosa e assustada”, detalhou.
Após receber o papel com as informações da jovem, o servidor procurou as colegas do banco para relatar a situação e pedir ajuda. Uma delas, que também preferiu não se identificar, foi quem acionou a polícia, na manhã do dia seguinte. “Conheço uma colega policial e não pensei duas vezes em chamá-la. Faço um trabalho social em Planaltina e estou acostumada a receber relatos de agressões a mulheres. Mas essa foi uma situação atípica. Imagina, no meu local de trabalho, receber um pedido de ajuda. Pegou todo mundo de surpresa. Na hora, ficamos sem saber como agir. Até porque, há uma falta de treinamento e conhecimento”, explicou.

RESGATE

Depois da denúncia, policiais militares do grupo de Prevenção Orientada à Violência Doméstica e Familiar (Provid) chegaram ao endereço da vítima e foram informados sobre uma suposta situação de cárcere privado. A equipe, no entanto, não encontrou nem a mulher e nem o suspeito na residência, em um primeiro momento. Na segunda tentativa, os militares conseguiram resgatar a jovem e os dois filhos dela, de 1 e 5 anos.

O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina). Na DP, a vítima confirmou os fatos e solicitou medidas protetivas contra o homem. “Vamos apurar as condições de cárcere privado, violência física e psicológica”, afirmou o delegado-chefe da 16ª DP, Diogo Cavalcante.

A reportagem esteve no local e conversou com vizinhos. Alguns deles disseram ver, frequentemente, a mulher caminhando pela rua. Outros relataram saber que a vítima sofria agressões por parte do companheiro. Ela e os dois filhos foram conduzidos à Casa Abrigo, local que cuida de mulheres em situação de violência sob grave risco de vida.


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