A velocidade da vacinação é um fator crítico para o país conter o aumento das taxas de ocupação de leitos com pacientes de COVID-19. Mas o novo cronograma de entrega das vacinas contra a doença, obtido pelo Correio Braziliense, aponta uma queda na previsão de doses que serão incorporadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI) em março. Com o atraso do fechamento de contratos com fornecedores de imunizantes, o país terá este mês 37,4 milhões de vacinas disponíveis, o equivalente a 81% do previsto.
Em 17 de fevereiro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou que o país contaria com 46 milhões de doses em março. Mas o novo calendário indica um atraso na importação de doses da Covishield, conhecida popularmente como a vacina de Oxford, por exemplo.
No documento apresentado em reunião com governadores, Pazuello informou que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entregaria 4 milhões de doses prontas trazidas da Índia, mais 12,9 milhões de doses produzidas no Brasil com a matéria-prima importada ainda em março. O novo cronograma indica, entretanto, que a Fiocruz entregará 3,8 milhões de doses produzidas no país.
A Fiocruz já entregou ao PNI 4 milhões de doses prontas da Covishield, importadas da Índia, e aguarda a chegada de mais 8 milhões de imunizantes. Divididos em lotes de 2 milhões, as vacinas começam a chegar ao país somente em abril. Em nota, a fundação explicou que “somente após os resultados dos lotes de validação e liberação pela Anvisa é que será possível precisar as datas e os quantitativos a serem disponibilizados para o PNI”. “O Instituto de Tecnologia em Imunobilógicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) permanece com empenho total para disponibilizar sua vacina no menor prazo possível”, completou a instituição.
Questionado pelo Correio, o Ministério da Saúde não comentou os motivos da mudança no cronograma. Em nota, o órgão federal informou que é importante ressaltar que o PNI depende da entrega dos laboratórios para poder fazer o envio. “Portanto, o cronograma está sujeito a alterações”, ressaltou a pasta.
Nessa quinta-feira (05/03), durante live, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, até o fim de março, serão disponibilizadas ao menos 20 milhões de vacinas. Além disso, destacou que o governo prevê 400 milhões de doses contra a COVID-19 até janeiro de 2022. Outras 178 milhões ainda estão em tratativa. “Temos contratados no corrente ano, 400 milhões de doses até janeiro do ano que vem e temos 178 milhões em tratativas. Neste mês de março, teremos, no mínimo, 20 milhões de doses disponíveis. E, para o mês seguinte, teremos, no mínimo, mais 40 milhões de novas doses”, disse o presidente.
Negociações
Outra mudança que influenciou na queda do montante total esperado para março foi o recebimento de doses da vacina russa Sputnik V. Em razão de impasses na negociação, a pasta mudou a previsão de receber 400 mil doses de março para abril. A maior parte das vacinas que vão compor o PNI em março ainda será disponibilizada pelo Instituto Butantan. De acordo com o ministério, 22,7 milhões de doses da CoronaVac serão entregues à pasta.
Ontem, o Instituto Butantan recebeu a maior remessa de matéria-prima necessária para a produção da vacina CoronaVac no Brasil. Com a carga de 8,2 mil litros do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), o instituto paulista produzirá 14 milhões de doses da vacina contra a covid-19. A entrega das vacinas neste mês começou na quarta-feira (3), com a distribuição de 900 mil doses ao governo federal.
Ainda esta semana, o governo federal anunciou a compra de 100 milhões de doses das vacinas da Pfizer/BioNTech. Ontem, Bolsonaro confirmou que o governo federal comprará o imunizante e que as primeiras doses chegarão ao país em abril. A declaração ocorreu em Uberlândia (MG). O chefe do Executivo não especificou a quantia, mas relatou que chegarão “alguns milhões” de unidades da vacina. “Então, já que o Congresso falou que pode comprar essa vacina, o Pazuello assinou o contrato. Vamos comprar. No mês que vem, eu não sei a quantidade, mas vão chegar alguns milhões aqui no Brasil”, completou.
Mais tarde, em uma rede social, o mandatário ainda procurou se justificar sobre a demora na vacinação. “Desde meados do ano passado, o Brasil vem contratando laboratórios buscando vacinas. Alguns teimam em dizer que nós não nos preocupávamos com vacinas. A partir de janeiro, quando a Anvisa deu o primeiro sinal verde, certificou a primeira vacina, eu sempre disse: havendo a certificação por parte da Anvisa, nós compraremos aquela vacina, não interessa qual país seja o fabricante. E assim começamos a fazer”, apontou.
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O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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