Jornal Estado de Minas

COVID-19

Moradores de periferias fazem menos de duas refeições por dia, diz pesquisa

Sete a cada 10 moradores das favelas brasileiras afirmam que a alimentação piorou durante a pandemia, e oito em cada 10 famílias entrevistadas dependem de doações para sobreviver ao momento. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, Central Única de Favelas (Cufa) e Data Favela, e foram divulgados nesta sexta-feira (05/03).




 
A pesquisa foi realizada na segunda semana de fevereiro, com 2 mil moradores de 76 favelas brasileiras. A média de refeição diária dessas pessoas não chegou a duas, ficando em 1,9 por dia. Ainda 68% dos entrevistados afirmaram que faltou dinheiro para comprar comida pelo menos um dia. 
 
A dificuldade só aumentou com o fim do auxílio emergencial, que ainda garantia algum alimento ou item de higiene na casa. Do total de entrevistados, 67% precisarão cortar despesas básicas. Desses, 53% afirmaram que vão restringir os gastos com comida, 45% com limpeza e 61% vai atrasar as contas. Apenas 8% conseguirão manter o padrão de consumo, que já era limitado. 
 
Desde o início da pandemia, muitas instituições estão fazendo campanhas de doação para a população mais vulnerável. Geralmente arrecadando cestas básicas ou dinheiro para compra-las e isso têm feito diferença e garantido o sustento das famílias de favelas. De acordo com a pesquisa, 90% dos moradores receberam alguma doação durante a pandemia e 8 em cada 10 famílias afirmaram que não teriam condições para se alimentar se não fosse a ajuda.




 
Segundo o levantamento, atualmente, mais de 16 milhões de pessoas moram em favelas no Brasil e 97% delas não tem plano de saúde, apesar disso, a maioria (67%) afirma que tenta seguir as medidas de prevenção contra a COVID-19. Quando não conseguem cumprir as regras, a principal justificativa dos é a dificuldade financeira, em 78% dos casos.
 
Em Minas Gerais, a Cufa iniciou um programa de arrecadação para auxiliar moradores de 100 favelas em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Chamado de ‘Cufa Contra o Vírus’ a ação começou em abril de 2020 e conta com o diferencial da utilização de tecnologias na distribuição dos valores arrecadados. 
 
O voucher de R$150,00 é distribuído de forma digital e cada morador pode recebe-lo pelo celular, para evitar contato. Caso o morador não tenha um aparelho, ele pode indicar uma pessoa para receber e se ainda assim não for possível, a Cufa pode mandar um voucher físico.
 
Para contribuir com a campanha, basta entrar no site da Cufa MG, clicando AQUI, e escolher uma forma de ajudar.   
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria





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