Os recordes consecutivos de mortes por coronavírus durante a semana no Brasil ocorrem no momento em que estados e municípios enfrentam o dilema de afrouxar ou não a quarentena. E a fila de espera por leitos de UTI continua aumentando.
Há pacientes aguardando liberação de leitos nas principais cidades do país, e em mais de 10 estados o sistema de saúde está operando no limite. Mais de mil esperam UTI em 5 Estados: na Bahia, a secretaria registrava 337 pacientes à espera de leito. Em Goiás, eram 300. Havia relatos ainda em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia.
Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma série de mapas que mostram o agravamento da pandemia em todos os estados e Distrito Federal. Em 1.º de março, apenas o Sergipe estava no nível de alerta baixo para UTI. Outros 7 estados estão em alerta médio e todos os outros em nível crítico.
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, afirmou que a pandemia de covid-19 no Brasil deve alcançar patamares "dramáticos" nas próximas semanas se nada for feito para deter a circulação do vírus. "Estamos todos cansados da pandemia, não é fácil para ninguém. (...) Mas os dados neste momento são os mais graves de toda a pandemia (...). Temos de reduzir a possibilidade de circulação até aumentar o número de pessoas protegidas", alertou em vídeo nas redes sociais.
Estados. A adoção de medidas restritivas, porém, continua variando muito de região para região e sendo polêmica. Hoje, à zero hora, todo o Estado de São Paulo passou para a fase vermelha, em que só serviços essenciais podem funcionar. Essa medida deve vigorar até o dia 19, assim como o "toque de restrição", das 20 às 5 horas.
Mas algumas cidades do interior do Estado buscam alternativas para não cumprir integralmente o aumento de restrições. Franca planeja medidas judiciais para manter o município na fase laranja. Já o prefeito de Mirandópolis usou as redes sociais para criticar o governador e deixar claro que não pretende seguir as medidas. A maior parte dos municípios, porém, deve acatar a restrição maior.
Enquanto isso, mesmo com 85% dos leitos de UTI para COVID-19 ocupados, o governo do Amazonas liberou a abertura de lojas, salões de beleza, academias e transporte intermunicipal, além de deixar facultativo o retorno das aulas em escolas privadas na educação infantil a partir da próxima segunda-feira.
Já o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afrouxou mais uma vez as medidas de combate à doença que ele havia determinado no fim de fevereiro, apesar dos 90% de ocupação em UTIs. Em novo decreto, liberou a reabertura de academias de esporte de todas as modalidades a partir da segunda-feira.