A White Martins, principal fornecedora de oxigênio à rede hospitalar do Amazonas, solicitou ao Ministério da Saúde o transporte emergencial de oxigênio para o estado antes do colapso do fornecimento do insumo, que resultou em inúmeras mortes por asfixia em hospitais de Manaus no início de janeiro.
Leia Mais
Saúde: Pfizer tentará antecipar lote de 60 mi de doses do 4º para o 3º trimestreFiocruz: até o fim de março serão entregues 3,8 mi de doses da vacina de OxfordCOVID-19: Saúde entra em colapso em Mato Grosso e secretário pede socorro
O pedido foi direcionado a dois coronéis que assessoram o ministro Eduardo Pazuello no dia 11 de janeiro e acabou não sendo atendido a tempo. A revelação foi feita pelo jornal Folha de São Paulo, que teve acesso a um e-mail enviado pela empresa ao Ministério da Saúde.
A comunicação, divulgada pela Folha nesse domingo (07/03), comprova que a White Martins solicitou “apoio logístico imediato” três dias antes do esgotamento dos estoques do insumo em Manaus. O pedido visava o transporte de 350 cilindros de oxigênio gasoso, 28 tanques de oxigênio líquido, 7 isotanques e 11 carretas para o Amazonas, demandando oito voos.
Leia Mais
Saúde: Pfizer tentará antecipar lote de 60 mi de doses do 4º para o 3º trimestreFiocruz: até o fim de março serão entregues 3,8 mi de doses da vacina de OxfordCOVID-19: Saúde entra em colapso em Mato Grosso e secretário pede socorro
No mesmo 14 de janeiro, a White Martins informou que havia comunicado às autoridades do estado e do governo federal "sobre a alta complexidade do fornecimento de oxigênio medicinal para Manaus, solicitando apoio diante de um cenário extremamente desafiador”.
Na ocasião, “foram apresentadas as necessidades impostas pelo alto grau de criticidade da situação para mobilização de outras empresas, da sociedade em geral e órgãos competentes”, afirmou a empresa.
A empresa também disse em nota, ainda em janeiro, que entre as iniciativas adotadas, realizou reuniões periódicas com o Comitê de Crise do governo do Amazonas e do governo federal, adaptou equipamentos para transporte de oxigênio líquido nos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), além de solicitar formalmente o apoio logístico ao Ministério da Saúde.
Em 25 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou um pedido formulado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de um inquérito para investigar se a conduta do ministro Pazuello contribuiu para aumentar o número de mortos pelo novo coronavírus em Manaus.
Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), as informações enviadas pelo Ministério da Saúde dão indícios de que o ministro sabia com antecedência da possibilidade de colapso do sistema de saúde em Manaus, e mesmo assim não agiu para evitar o agravamento da situação. Pazuello já havia informado ao STF que sua pasta recebeu em 8 de janeiro o e-mail com o alerta da White Martins.
Até 30 pessoas podem ter morrido na cidade em decorrência da falta de oxigênio hospitalar no Amazonas. Pazuello pode ser responsabilizado pelo crime de prevaricação e por improbidade administrativa. Entretanto, o ministro só será acusado formalmente se a PGR oferecer uma denúncia contra ele ao fim do inquérito.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.