O surto de COVID-19 que assombra o Brasil com as mais diversas variantes é uma preocupação para todo o mundo, não apenas para as fronteiras brasileiras. A variante encontrada em Manaus, chamada de P.1, já está presente em mais de 20 países, inclusive nos Estados Unidos.
De acordo com artigo do jornal americano The Washington Post, conforme o vírus contamina mais pessoas é inevitável que ele sofra mutação, mas, geralmente, a maioria das mudanças genéticas é insignificante. Os surtos descontrolados, contudo, podem originar variantes mais perigosas – não por acaso, uma das piores surgiu no Brasil.
Em entrevista para o Post, a vice-presidente de epidemiologia aplicada do Sabin Vaccine Institute em Washington, Denise Garrett, disse que pesquisas preliminares baseadas em modelagem e culturas de células sugeriram que a variante P.1 pode evitar uma certa quantidade de imunidade em pessoas que se recuperaram de infecção anterior, por se tratar de uma mutação para contornar obstáculos e barreiras.
A solução para controlar o surto seria aplicar medidas mais restritivas, seguida de vacinação em massa. “Mas, no Brasil, nada disso parece provável. Há pouca coordenação nacional. O lançamento da vacina está atolado em atrasos, escassez de vacinas e lutas políticas internas”.
“Isso deixou o país em desordem: cada cidade, cada estado, cada brasileiro tomou sua própria direção. Do jeito que as coisas estão agora, poucos cientistas acham que o país será capaz de impedir a carnificina”, escreve o jornalista Terrence McCoy nesta terça-feira (9/3).
A falta de coordenação nacional é atribuída ao presidente Jair Bolsonaro, que frequentemente divulga tratamentos para a COVID-19 que não têm comprovação científica.
“Desde o início, Bolsonaro se destacou de praticamente todos os líderes mundiais em seu esforço para minimizar os riscos da doença, sua aversão às medidas básicas de saúde, seu ceticismo em relação às vacinas e sua promoção de curas milagrosas."
“Desde o início, Bolsonaro se destacou de praticamente todos os líderes mundiais em seu esforço para minimizar os riscos da doença, sua aversão às medidas básicas de saúde, seu ceticismo em relação às vacinas e sua promoção de curas milagrosas."
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina