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Remdesivir: Anvisa libera remédio para tratamento da COVID-19

Antiviral é o primeiro registrado pela agência no país para pacientes internados; vacina de Oxford também obtém registro definitivo


12/03/2021 13:03 - atualizado 12/03/2021 13:30

(foto: Dimitri Karastelev/Unsplash)
(foto: Dimitri Karastelev/Unsplash)

O antiviral remdesivir é um dos primeiros remédios usados para tratar o coronavírus e acaba de receber registro no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Está entre o rol de medicamentos que vêm sendo preconizados para enfrentamento da COVID-19, ainda que este seja um tema delicado.

São pesquisas realizadas no mundo inteiro, mas especialistas e autoridades sanitárias concordam sobre a não comprovação, seja para profilaxia ou tratamento, da eficácia de fármacos com tal objetivo. O que se tem até agora são remédios já conhecidos e aplicados para outras patologias, baseados em controlar sintomas, prevenir infecções ou atuar contra o avanço da doença, porém a maioria foi descartada.

O remdesivir é o primeiro medicamento registrado pela agência para pacientes internados com COVID-19, o que ocorre com a constatação, segundo a entidade, de eficácia, segurança e qualidade. Seria um suporte a mais, além das vacinas, consideradas a forma mais efetiva de frear a escalada da pandemia.

A fabricante já havia protocolado pedido de registro no Brasil em agosto. Nos Estados Unidos, o remdesivir vem sendo aplicado de forma emergencial desde novembro, direcionado para adultos e crianças a partir de 12 anos, com mais de 40 quilos, em situação de hospitalização. Outro acordo em paralelo, com autorização emergencial, é para o uso na faixa etária menor que 12 anos, em pacientes com peso de pelo menos 3,5 quilos.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o momento não está confirmado que o remdesivir reduziu a mortalidade em pacientes com a doença, nem o agravamento dos quadros clínicos. A informação foi divulgada pela organização depois da liberação de uso nos Estados Unidos, ainda com a afirmação de que o remédio não é recomendado para infectados que estejam hospitalizados.  

Arma

O infectologista Guenael Freire acredita que o remdesivir é uma arma a mais na batalha contra o coronavírus. Mas se trata de um medicamento que precisaria ser importado, a custos altos, e dificilmente seria amplamente disponibilizado no SUS, para grandes parcelas da população, principalmente no curto prazo, avalia. "Não estamos conseguindo prover nem o básico. Em diversos locais falta oxigênio, por exemplo, não tem como pensar em um remédio importado", opina.

"O remdesivir é a única droga até então com resultados comprovados de eficácia para tratar a COVID-19, em análises que mostraram dados significativos. Reduz a carga viral e o tempo de internação, mesmo que para casos graves possa não ser tão eficiente", diz a virologista do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jordana Coelho dos Reis.

Porém, sobre os efeitos reais, ainda não há informações robustas. "Não há algo que diga que, o paciente começando a tomar o remédio em um dia, no dia seguinte já melhora. Mas é uma grata surpresa, a única opção que se tem até agora. Todos os outros remédios podem ir para a lata do lixo", continua Jordana. O grande problema é o custo-benefício. A virologista lembra que o remdesivir não é fabricado no Brasil. "O custo é de aproximadamente R$ 30 mil, por paciente, em um intervalo de cinco a sete dias de tratamento", informa.

Para Guenael Freire, não se trata de nada revolucionário. O remdesivir é um antiviral, explica, que atua impedindo a replicação viral, mas é indicado apenas para pacientes em fase moderada da doença, evoluindo mal. "Para pacientes graves, intubados, não funciona. Nessa etapa da infecção, já não há tanto a presença de vírus, é uma resposta do sistema imunológico em si. Importante é que seja administrado de forma precoce em pacientes hospitalizados com necessidade de oxigênio, não tardiamente", esclarece. Ainda assim, pondera o infectologista, o registro na Anvisa é algo positivo. "Significa que poderá ser comercializado no Brasil", acrescenta.

 

 

Sem opção


Guenael fala sobre a dificuldade, para o médico, de não oferecer nenhuma possibilidade de tratamento ao paciente, especialmente diante de uma doença potencialmente grave, que pode levar à morte. Ainda que, percentualmente, o número de óbitos relacionados à COVID-19 seja pequeno, tudo o que tem se falado sobre a pandemia muitas vezes gera situações de pânico entre a população.

"É difícil argumentar com o paciente que não existem tratamentos específicos. O que se tem são remédios para amenizar sintomas, com alerta sobre os sinais de gravidade. É uma angústia para o médico também", diz. Em sua avaliação, o que acaba acontecendo é muita gente se apegando a evidências frágeis com relação a medicamentos, até para ter a sensação de que está fazendo alguma coisa.

"Não há ação direta sobre o vírus entre os antivirais, ou medicamentos que poderiam modificar a imunidade nos quadros leves. Mas não fazer nada é complicado", continua Guenael. "Na etapa mais grave da COVID-19, com o paciente com necessidade de ventilação mecânica invasiva, não há tantos medicamentos", diz. No caso do remdesivir, entre os efeitos colaterais estão náusea, alteração das enzimas hepáticas, hipersensibilidade e alto grau de toxicidade renal.

Vacinas


Com uso emergencial determinado em janeiro, a vacina da AstraZeneca/Oxford, por sua vez, é a segunda no Brasil a conseguir registro sanitário definitivo pela Anvisa, conforme a agência divulgou nesta sexta-feira (12/3). Agora a etapa é de fabricação no país.

O imunizante é alvo de polêmicas nesta semana, quando países europeus suspenderam, em medida cautelar, a aplicação, por receio sobre reações adversas em pessoas que receberam o produto, como trombose, mesmo que esta relação de causa e efeito não esteja até agora comprovada.

No Brasil, também a vacina produzida pelo Instituto Butantan, a Coronavac, tem autorização de uso emergencial, enquanto a vacina da Pfizer foi a primeira a receber o registro definitivo, em 23 de fevereiro, mas não há acordo com o governo ou distribuição prevista no Brasil.


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