O médico oncologista Drauzio Varella criticou a gestão do governo federal na pandemia nesta terça-feira (16/3). Sem citar diretamente o nome de Jair Bolsonaro (sem partido), referindo-se a ele apenas como “presidente da República”, Drauzio afirmou que houve desunião por conta de “políticos demagogos”.
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Além da falta de comando, ele atacou o governo federal por negar a gravidade da crise sanitária.
“O presidente da República é uma pessoa muito importante para o país e serve de espelho para a população. Esses políticos demagagos, que dizem que não está provado que o isolamento social protege a população, são demagagos. Há uma limitação muito grave de inteligência”, afirmou.
O médico também citou que o presidente pode estar em busca de uma vantagem, mas que ele não saberia dizer qual é “diante dessa tragédia”.
Vacinação em massa
Para Dráuzio, a solução para o problema da pandemia no Brasil passa por dois fatores primordiais: a vacinação em massa da população e o fim da defesa do tratamento precoce com medicamentos, “que, infelizmente, não existe”.
Sobre a imunização contra a COVID-19, Varella afirmou que a lentidão é culpa exclusiva do governo federal, porque o Sistema Único de Saúde (SUS) é referência mundial por vacinar rapidamente.
“Nós temos 38 mil postos de vacinação espalhados pelo Brasil. Isso é uma maravilha. Em 2010, vacinamos 89 milhões de brasileiros contra o H1N1 em três meses. É só você pegar as vacinas e entregar aos estados. A estrutura é toda montada” explicou.
“É inaceitável estarmos vivendo essa situação com todos esses recursos que o SUS coloca à disposição do Ministério da Saúde”, completou o oncologista.
Novo ministro deve manter política de Pazuello
Dráuzio Varela também comentou a escolha de Bolsonaro pelo cardiologista Marcelo Queiroga para ocupar o Ministério da Saúde. Ele será a quarta pessoa a ocupar o cargo durante a pandemia, depois de Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta.
“É um médico sério, profissional competente, que chegou à presidência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Mas, acho que não temos prognóstico de mudança. Até porque ele disse que vai continuar a política da gestão anterior”, lamentou o médico.
Drauzio defendeu uma "mudança radical", mas, com "o presidente da República atuando dessa maneira", isso é "impossível".
Cautela com as novas variantes
Sobre as hipóteses de que as novas variantes, surgidas em Manaus, no Reino Unido e na África do Sul são mais letais, Drauzio Varella pediu cautela. A justificativa é a falta de estudos confiáveis sobre essas cepas.
“Esses estudos têm que ser necessariamente comparativos. Pegar populações de mesma idade e classe social e acompanhar. Você tem que fazer isso com um grande número de infectados e isso leva tempo”, afirmou.
Ele chegou a citar uma pesquisa desenvolvida sobre a variante do Reino Unido. Porém, lembrou que a metodologia levou em consideração um pequeno número de pessoas.