Durante a pandemia da COVID-19, a adoção do lockdown como medida para conter a transmissão do vírus é temida por muitos, principalmente pelos efeitos econômicos. No entanto, quando o número de infectados avança em grande velocidade e outras alternativas não se mostram eficazes, o fechamento total pode ser visto pelos governantes como a última saída para socorrer a população dos impactos do novo coronavírus.
A expectativa era de melhoras no quadro de saúde da cidade, e o resultado veio. Menos de um mês depois, o prefeito Edinho Silva disse, em entrevista à TV Globo, que não há mais filas para internações de pacientes com a COVID-19 nas unidades de saúde da cidade e que a expectativa agora é na redução no número de óbitos.
"Média móvel de casos caiu 53%, as internações caíram 30%, pacientes em quarentena caiu 65% e na principal informação, a testagem, os exames coletados remetidos aos laboratórios, tivemos uma queda de 62%", disse.
Segundo Edinho Silva, graças aos efeitos das medidas do lockdown, o mês de abril será mais otimista em Araraquara. “Claro, Araraquara é referência regional, mesmo a queda de leitos vai nos dar uma margem maior para poder ajudar a região, que está numa situação muito difícil", declarou.
As causas do colapso em Araraquara
Segundo o chefe do Executivo municipal, o que causou o colapso no sistema de saúde e, consequentemente, no aumento drástico no número de mortes na cidade foi a confirmação de casos da cepa P.1, variante do vírus inicialmente identificada em Manaus.
Em Belo Horizonte, a situação começa a ter semelhanças com o momento vivido na cidade paulista. Mesmo com maiores restrições de atividades não essenciais, nesta quarta-feira (17/3), a ocupação dos leitos de UTI para pacientes com COVID-19 em hospitais da rede privada ultrapassou a marca dos 100% na capital mineira. Na rede pública, o quadro também é grave, com uma taxa de uso de 91,1%.
Assustado com o quão grave a COVID-19 tomou proporção em Araraquara, Edinho Silva reuniu médicos, especialistas e pesquisadores de universidades paulistas para avaliar o que poderia ser feito para frear a transmissão do vírus entre a população. Em conjunto, a decisão foi concordante: o lockdown.
O município permaneceu até o dia 2 março em fechamento total. Passado o período mais rigoroso, a prefeitura decretou fase vermelha – estágio mais restritivo, para reabertura de apenas serviços essenciais.
“Só há uma medida quando não se tem vacinação em massa. A única forma de fazer com que uma pandemia diminua o ritmo é praticar medidas drásticas de distanciamento social”, disse o prefeito em entrevista à TV Globo.
O termo, que significa “fechamento total”, é designado normalmente para casos extremos, atingindo atividades essenciais (supermercados, padarias e farmácias) e não-essenciais. Em entrevista para reportagem do Estado de Minas, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, informou que em alguns locais as pessoas precisam até mesmo explicar para onde vão quando saem de casa. Se não tiver explicação, é punida.
Em Araraquara, moradores da cidade que descumprissem a medida poderiam ser multados em R$ 150. Para empresas, o valor poderia chegar até R$ 6 mil.
Durante o período de lockdown na cidade paulista, o prefeito disse que apenas farmácias e unidades de saúde foram autorizadas a permanecerem abertas. “Os supermercados da cidade só voltaram a funcionar no sétimo dia para evitar o desabastecimento da população. O transporte coletivo também foi suspenso, só voltou após 10 dias”, disse.
Medida com pouca adesão no Brasil
Araraquara foi uma dos poucos municípios do Brasil que aderiram ao lockdown. Entres eles estão cidades do litoral norte do Rio Grande do Sul – composto por Canoas, Arroio do Sal, Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Imbé e outros 16 municípios menores –, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra (todas vinculadas ao ABC Paulista).
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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