"O maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil" - como classificou a Fiocruz - se caracteriza pela reunião de diversos fatores que levam à tragédia iminente. O número de casos e mortes segue crescendo exponencialmente, as UTIs estão chegando ao seu limite máximo de internação, pessoas já estão morrendo sem atendimento médico e a vacinação segue em ritmo muito lento.
Para piorar, a crise acontece simultaneamente em todo o País, impedindo transferências de pacientes. Na quarta-feira (17/03), a média móvel de óbitos pela doença no País ultrapassou a marca de dois mil pela 1ª vez.
Divulgado em caráter extraordinário na noite de terça-feira (16/03), e atualizado na quarta, o boletim do Observatório COVID-19 Fiocruz revelou em números a situação extremamente crítica enfrentada pelo País. Das 27 unidades da federação, 25 Estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação dos leitos de UTI covid iguais ou superiores a 80% - a única exceção é Roraima, com taxa de 73%. Em 15 delas, a taxa ultrapassa os 90%. Em relação às capitais, 26 apresentam percentuais iguais ou superiores a 80%, sendo que, em 19 delas, o número ultrapassa 90%.
"Esta é a primeira vez que temos uma crise sistêmica, em todo o País, com praticamente todos os estados e as maiores capitais em situação extremamente crítica", explicou o coordenador do Observatório COVID-19, Carlos Machado de Freitas. "Os colapsos do sistema de saúde que já enfrentamos antes sempre foram locais, no máximo estaduais, como o caso dos imigrantes haitianos e venezuelanos em Roraima, os desastres na região serrana de Santa Catarina, um grande número de casos de dengue e de zika no Rio de Janeiro."
Ao longo do ano passado, como lembra Freitas, foi possível remanejar pacientes de COVID-19 para outros municípios ou estados. Agora, no entanto, com o que os especialistas chamam de "sincronização da epidemia" fez com que a doença aumentasse de forma simultânea em todo o País. "Um dos efeitos diretos desse processo é a impossibilidade de remanejamento de pacientes não só para atendimento covid-19, mas também para outras causas", aponta o boletim. "As internações eletivas estão paralisadas na maior parte dos hospitais do País."
O número de casos de COVID-19 está crescendo a uma taxa de 1,5% ao dia, enquanto o número de mortes aumenta a 2,6% ao dia, valores considerados muito elevados. Na análise de Freitas, que é especialista em saúde pública, essa situação deve gerar uma grande quantidade de casos graves da doença, que exigem internação.
"A situação é crítica e preocupante, nos deixa a todos sem dormir", afirmou o especialista. Segundo ele, a adoção de medidas de distanciamento social, como sugeriu o novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, não é suficiente para deter o avanço da crise. A vacinação, que segue em ritmo muito lento, só conterá a pandemia a médio prazo.
"O distanciamento físico e social tem que ser adotado durante toda a epidemia", afirmou. "Mas a situação que temos hoje indica que a maior parte dos Estados terão que adotar medidas mais rigorosas, de bloqueio e lockdown, acompanhadas de outras medidas sociais para evitar que alguns grupos sofram ainda mais. Já temos pessoas passando fome."
Freitas lembrou ainda que as medidas mais rigorosas só começam a surtir efeito após 15 dias, como demonstram as experiências de vários outros países do mundo.
"Sem a adoção dessas medidas de bloqueio e lockdown, vamos ter mais pessoas morrendo sem assistência na porta dos hospitais e até mesmo em casa", disse. "Isso é muito sério, não podemos ter pessoas morrendo por falta de assistência; é tarefa do governo organizar e se antecipar. As ações não podem ser apenas reativas."
Para piorar, a crise acontece simultaneamente em todo o País, impedindo transferências de pacientes. Na quarta-feira (17/03), a média móvel de óbitos pela doença no País ultrapassou a marca de dois mil pela 1ª vez.
Divulgado em caráter extraordinário na noite de terça-feira (16/03), e atualizado na quarta, o boletim do Observatório COVID-19 Fiocruz revelou em números a situação extremamente crítica enfrentada pelo País. Das 27 unidades da federação, 25 Estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação dos leitos de UTI covid iguais ou superiores a 80% - a única exceção é Roraima, com taxa de 73%. Em 15 delas, a taxa ultrapassa os 90%. Em relação às capitais, 26 apresentam percentuais iguais ou superiores a 80%, sendo que, em 19 delas, o número ultrapassa 90%.
"Esta é a primeira vez que temos uma crise sistêmica, em todo o País, com praticamente todos os estados e as maiores capitais em situação extremamente crítica", explicou o coordenador do Observatório COVID-19, Carlos Machado de Freitas. "Os colapsos do sistema de saúde que já enfrentamos antes sempre foram locais, no máximo estaduais, como o caso dos imigrantes haitianos e venezuelanos em Roraima, os desastres na região serrana de Santa Catarina, um grande número de casos de dengue e de zika no Rio de Janeiro."
Ao longo do ano passado, como lembra Freitas, foi possível remanejar pacientes de COVID-19 para outros municípios ou estados. Agora, no entanto, com o que os especialistas chamam de "sincronização da epidemia" fez com que a doença aumentasse de forma simultânea em todo o País. "Um dos efeitos diretos desse processo é a impossibilidade de remanejamento de pacientes não só para atendimento covid-19, mas também para outras causas", aponta o boletim. "As internações eletivas estão paralisadas na maior parte dos hospitais do País."
O número de casos de COVID-19 está crescendo a uma taxa de 1,5% ao dia, enquanto o número de mortes aumenta a 2,6% ao dia, valores considerados muito elevados. Na análise de Freitas, que é especialista em saúde pública, essa situação deve gerar uma grande quantidade de casos graves da doença, que exigem internação.
"A situação é crítica e preocupante, nos deixa a todos sem dormir", afirmou o especialista. Segundo ele, a adoção de medidas de distanciamento social, como sugeriu o novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, não é suficiente para deter o avanço da crise. A vacinação, que segue em ritmo muito lento, só conterá a pandemia a médio prazo.
"O distanciamento físico e social tem que ser adotado durante toda a epidemia", afirmou. "Mas a situação que temos hoje indica que a maior parte dos Estados terão que adotar medidas mais rigorosas, de bloqueio e lockdown, acompanhadas de outras medidas sociais para evitar que alguns grupos sofram ainda mais. Já temos pessoas passando fome."
Freitas lembrou ainda que as medidas mais rigorosas só começam a surtir efeito após 15 dias, como demonstram as experiências de vários outros países do mundo.
"Sem a adoção dessas medidas de bloqueio e lockdown, vamos ter mais pessoas morrendo sem assistência na porta dos hospitais e até mesmo em casa", disse. "Isso é muito sério, não podemos ter pessoas morrendo por falta de assistência; é tarefa do governo organizar e se antecipar. As ações não podem ser apenas reativas."