Em setembro de 1940, Carmen Miranda (1909-1955) gravava o sucesso "Disseram que voltei americanizada", uma composição em que brinca com as comparações entre Brasil e Estados Unidos. Oito décadas depois, as comparações se tornaram inevitáveis. Os dois países ocupam os primeiros lugares nas estatísticas da pandemia de COVID-19. No entanto, A média de morte no Brasil, que só cresce, é de 2.306, mais que o dobro do que a média móvel nos Estados Unidos, com 1.102 mortes.
O país anglo-saxão se distancia cada vez mais do Brasil e dá em nós brasileiros uma certa inveja de como aquele país tem enfrentado a pandemia. O sentimento não pode ser enquadrado no tal "complexo de vira-lata", expressão criada pelo escritor Nelson Rodrigues para a percepção de inferioridade dos brasileiros em relação a outros países.
Desde o início da pandemia, Brasil e Estados Unidos ocupam os dois primeiros lugares nos números de transmissão da COVID-19. No entanto, desde o início de 2021, os dois países tomaram decisões diferentes em relação à gestão do combate ao novo coronavírus. O país da América do Norte, em números absolutos, ainda totaliza mais mortes, com 542.587, enquanto o Brasil tem 295.425.
No entanto, o Brasil superou os Estados Unidos no número de mortes diárias pela COVID-19. A população americana (328,2 milhões de habitantes) é maior que a brasileira (209,5 milhões de habitantes), no entanto, a média de mortes e de casos lá tem decrescido enquanto no Brasil aumenta.
Na curva de transmissão do novo coronavírus, os Estados Unidos apresentam uma curva descendente, enquanto no Brasil há uma estabilidade em um platô com tendência de aumento. Em 14 dias, o Brasil registrou 995.861 casos. A média dos últimos sete dia 75.417 em 22 de março. Nos Estados Unidos, em 14 dias foram 765.459 casos. Desde 10 de janeiro, quando registrou a média de 254.908, a curva vem caindo por lá. Em 22 54.190.
A média móvel de mortes também despencou nos Estados Unidos de 3.114, em 14 de fevereiro (data com o maior registro de mortes por lá) para 1.051 em 22 de março. No mesmo período analisado, o Brasil passou de 1.102 para 2.306
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, atribui a piora no Brasil, em relação aos Estados Unidos, a dois fatores: às variantes, que estão muito disseminadas no país, e à gestão da pandemia. "As variantes se transmitem muito mais do que a cepa original", afirma.
A avaliação do infectologista tem respaldo no estudo elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta terça-feira (23), que identificou mutações nas três variantes do novo coronavírus circulando no Brasil, a P1, originada em Manaus, a B117, do Reino Unido, e a B1351, que veio da África do Sul (B.1.351).
A gestão no enfrentamento ao novo coronavírus é o segundo motivo apresentado pelo infectologista. Ele avalia como muito ruim a política de contingência da pandemia no Brasil, ao passo que nos Estados Unidos, há um maior controle desde quando o presidente Joe Biden assumiu em janeiro. "Fundamental também é a vacinação que avançou absurdamente nos Estados Unidos e está muito lento no país, está dentro do gerenciamento ruim do nosso país"
O programa de vacinação americano teve início em 14 de dezembro de 2020. Desde então, foram 44,9 milhões de pessoas vacinadas, 13,6% da população. O país segue ritmo rápido na imunização com a vacinação de cerca de 2 milhões de pessoas por dia. Enquanto o Brasil vacinou até o momento 3.507.089 pessoas, 1,7% dos brasileiros.
A primeira pessoa a ser vacinada no Brasil foi a enfermeira Mônica Calazans, em 17 de janeiro, em São Paulo. No entanto, o ato foi apontado como marco pelo Ministério da Saúde. O início da vacinação foi envolta em uma politização pelo presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, em relação a CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan.
Em meio a todo esse caos, ainda há a mudança no comando do Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia foram quatro ministros: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e
Marcelo Queiroga, que tomou posse nesta terça-feira.
Coronavírus x gripe espanhola em BH: erros (e soluções) são os mesmos de 100 anos atrás
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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