A AstraZeneca divulgou novos dados do ensaio clínico da sua vacina contra a COVID-19, dizendo que o imunizante foi 76% eficaz na prevenção de quadros sintomáticos da doença, em uma análise mais completa dos resultados do estudo do que os publicados anteriormente.
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Um conselho independente de monitoramento de estudos disse que os dados estavam desatualizados, o que levou o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid, na sigla em inglês) a emitir uma declaração incomum que aumentou as preocupações de especialistas.
A tempestade causada pelo episódio se somou às preocupações que já pairam sobre o imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O uso do imunizante foi prejudicado por uma série de erros, incluindo a comunicação dos primeiros resultados do estudo no Reino Unido.
Na Europa, a AstraZeneca ficou muito aquém das metas de abastecimento, o que gerou uma forte reação de autoridades europeias e ameaças de proibição de exportação de vacinas, enquanto o bloco tenta assegurar doses em meio ao aumento de casos.
Mais de 12 países europeus paralisaram a aplicação do imunizante depois de relatos de coagulação sanguínea. A maior parte dos países voltou a distribuir as doses quando uma investigação não encontrou uma associação entre a vacina e a coagulação sanguínea.
Nesta semana, o diretor do Niaidi, Anthony Fauci, se referiu ao último problema com a vacina como um "erro não forçado."
Os últimos resultados da AstraZeneca, divulgados na noite desta quarta-feira (24/03), foram consistentes com as conclusões preliminares publicadas na segunda-feira (22/03), com base em dados de um ensaio clínico obtidos até 17 de fevereiro.
Além de constatar uma eficácia de 79% da vacina, os resultados preliminares indicaram que o imunizante é ainda mais eficaz em participantes do estudo com 64 anos ou mais e que a dose é segura.
O teste de fase 3 teve 32.449 participantes nos EUA, Peru e Chile. Cerca de 20% deles tinham 65 anos ou mais.
O conjunto mais completo de dados mostrou uma eficácia de 85% da vacina entre os idosos. Adultos mais velhos são considerados mais vulneráveis a quadros graves da COVID-19, o que os faz um grupo de alta prioridade nos programas de vacinação globais.
Apesar de as últimas informações da AstraZeneca incluírem mais casos, a análise da farmacêutica ainda pode estar incompleta. A AstraZeneca disse que está revisando mais 14 casos para determinar se devem ser adicionados ao recorte final.
Em ambas as análises, a vacina apresentou 100% de proteção contra casos graves da doença e hospitalização, embora os números desses casos severos tenham sido pequenos.
Nos últimos dados, oito voluntários do estudo desenvolveram casos sérios da doença, todos no grupo de voluntários que receberam o placebo, segundo a farmacêutica.
Especialistas em saúde dizem que eficácia do imunizante é grande. Vacinas da Moderna e da Pfizer/BioNTech apresentaram eficácia de 94% ou mais, enquanto a da Johnson & Johnson's teve eficácia de 66%.
A AstraZeneca informou que apresentaria os resultados do estudo para revisão dos pares e publicação nas próximas semanas e que requisitaria uma autorização da Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para a vacina. Na segunda-feira, executivos da farmacêutica disseram que pretendem apresentar os dados para a FDA em meados de abril.