A tecnologia apresentada nesta sexta-feira, 26, pelo Instituto Butantan como sendo 100% nacional, e que é a base da vacina Butanvac, foi desenvolvida no ano passado por pesquisador do Instituto Mount Sinai, de Nova York.
Ao menos três trabalhos foram publicados em revistas científicas por pesquisadores da Escola de Medicina Icahn do instituto com a tecnologia de usar um vírus da doença de Newcastle (NDV, na sigla em inglês), um tipo de gripe aviária, como vetor para carregar a proteína do vírus Sars-CoV-2.
Ao menos três trabalhos foram publicados em revistas científicas por pesquisadores da Escola de Medicina Icahn do instituto com a tecnologia de usar um vírus da doença de Newcastle (NDV, na sigla em inglês), um tipo de gripe aviária, como vetor para carregar a proteína do vírus Sars-CoV-2.
É esta a ferramenta que foi apresentada hoje pelo Butantan. Os trabalhos do Mount Sinai descrevem como a vacina deles foi desenvolvida em ovos e os testes pré-clínicos realizados com animais.
O Estadão entrou em contato com o pesquisador principal do trabalho, o virologista Peter Palese, mas ainda não teve retorno. O Butantan também não se manifestou sobre se houve alguma parceria com o Mount Sinai ou se houve compra de tecnologia.
O Estadão entrou em contato com o pesquisador principal do trabalho, o virologista Peter Palese, mas ainda não teve retorno. O Butantan também não se manifestou sobre se houve alguma parceria com o Mount Sinai ou se houve compra de tecnologia.
Ele afirmou que também tinha um acordo com o Instituto Butantan para entrar em testes clínicos no Brasil usando o vetor de vacina NVD.
Nesta sexta-feira, ao anunciar a Butanvac, Covas disse que o Butantan tinha realizado os testes pré-clínicos e que os resultados haviam sido "excelentes", mas sem dar detalhes.
Ele afirrmou também que o Butantan será o principal produtor num consórcio internacional com os mesmos países citados por Palese à Folha: Vietnã e Tailândia.
Ele afirrmou também que o Butantan será o principal produtor num consórcio internacional com os mesmos países citados por Palese à Folha: Vietnã e Tailândia.
Logo após a coletiva, o Estadão pediu ao instituto mais informações sobre esses resultados e sobre onde tinham sido feitos os testes pré-clínicos, mas não teve resposta.
Ao longo da tarde, a reportagem teve acesso a três estudos do Mount Sinai que descreviam todo o desenvolvimento de uma vacina usando NDV e a proteína spike.
Em um dos trabalhos, eles afirmam ter obtido uma "vacina potente contra a COVID-19 em camundongos e hamsters. A vacina NDV-S inativada foi imunogênica, induzindo forte ligação e / ou anticorpos neutralizantes em ambos os modelos animais. Mais importante, a vacina de NDV-S inativada protegeu os animais de infecções pelo Sars-CoV-2".
Em um dos trabalhos, eles afirmam ter obtido uma "vacina potente contra a COVID-19 em camundongos e hamsters. A vacina NDV-S inativada foi imunogênica, induzindo forte ligação e / ou anticorpos neutralizantes em ambos os modelos animais. Mais importante, a vacina de NDV-S inativada protegeu os animais de infecções pelo Sars-CoV-2".
Outro dado que contradiz a narrativa do Butantan é um levantamento feito pelo Ministério da Saúde no fim de 2020 com todas as vacinas desenvolvidas no Brasil que não mostra, entre os imunizantes pesquisados pelo Butantan, nenhum produto que usa a tecnologia da Butanvac.
Na coletiva de imprensa do governo paulista, Covas havia afirmado que a Butanvac estava em desenvolvimento desde março de 2020.
De acordo com o documento do ministério, porém, o instituto tinha, em novembro de 2020, três vacinas em desenvolvimento: a Coronavac, uma vacina do tipo VLP (partículas similares a vírus) e uma terceira com uma tecnologia de vesículas de membrana externa em plataforma de múltiplos antígenos. Nenhuma delas utilizava a plataforma de vetor viral do vírus da Doença de Newcastle.