A cada minuto de março, 1,49 brasileiro morreu em decorrência do coronavírus no Brasil. A análise feita pelo Estado de Minas aponta ainda que, no pior dia da pandemia de COVID-19, 31/3, morreu um brasileiro a cada 22 segundos.
Antes, o mês mais letal da pandemia no país tinha sido julho de 2020, com um total de 32.912, mas março de 2021 mais que dobrou o recorde, foram 66.868 mortes. O momento mais grave da pandemia ainda não chegou, já que há um lento ritmo de vacinação, surgimento de variantes mais infecciosas e colapso no sistema de saúde público e privado.
Em julho de 2020, até então o pior mês, morriam 0,73 brasileiro por minuto, segundo o índice de isolamento social Inloco, que manteve durante 2020 e parte de 2021 um mapa com os dados, a média de julho foi 48,7% no Brasil, em março de 2021 chegou a preocupantes 38,3%. Ou seja, apesar da pandemia estar mais letal, um dos fatores que ajudam na menor disseminação do vírus Sars-Cov-2, e consequentemente de infectados, o isolamento, tem sido menos adotado pelos brasileiros.
Enquanto na maior parte do mundo há um melhor aproveitamento do conhecimento adquirido depois de conviver um ano com o coronavírus e do fato de existir vacina, o Brasil ainda se depara com números estrondosos de infectados e de mortes. Segundo Valdes Bollela, médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), muitos fatores explicam a realidade atual da pandemia.
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"Temos também o surgimento de uma nova variante que é mais transmissível que a original e, aliado a isso, um programa de imunização medíocre, que alcançou hoje 2% da população brasileira, vemos no último dia de março 3.950 pessoas mortas, e essas pessoas estão morrendo porque elas não tem condição de receber um tratamento efetivo, que salva vidas e muda a história daqueles 15 a 20% que têm COVID-19 grave.”, explica o médico e professor.
O infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, Dirceu Greco, também aponta dois fatores que mostram a dificuldade de enfrentamento da pandemia no Brasil. “Existem dois lados: as pessoas se expondo, tendo quem trabalha e quem vai pra festa clandestina, e um outro lado que é a inércia do governo, que desde o primeiro caso nega, fala que temos que pensar na economia, vai passar rápido, então a resposta nacional é mais lenta. Além disso, há a necessidade da renda universal básica, que já foi adotada em vários países, mas o governo disponibiliza R$ 150.”
Cinco mil mortes diárias
Uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense mostra que a pandemia de coronavírus pode atingir cinco mil mortes por dia, entre abril e maio, o que seria o estado mais letal da doença. O estudo “Detecção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia de Covid-19” analisa dados da pandemia em 50 países de setembro de 2020 até março de 2021, que confirmaram evidências de que a sazonalidade afeta a transmissão da COVID-19.
A pesquisa, baseada em modelos matemáticos epidemiológicos, mostra que nos meses de março a maio de 2021 a pandemia tende a se agravar em países do hemisfério sul, em particular no Brasil, e também em países que seguem padrões sazonais semelhantes ao nosso, como Índia e Bangladesh. De acordo com o autor do estudo, Márcio Watanabe, professor do Departamento de Estatística da instituição, é fundamental que nos próximos três meses se intensifique a vacinação, além de vacinar primeiramente os cidadãos com maior risco de desenvolver as formas graves da doença.
COVID-19 em Minas Gerais
O estado também encarou o pior mês da pandemia com 5.767 mortes causadas pelo novo coronavírus. Por isso, o governo estadual resolveu estender a onda roxa, a mais restritiva delas, até 11 de abril. A decisão foi tomada em reunião do Comitê Extraordinário COVID-19 do governo mineiro na quarta-feira (31/3).*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
- Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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