Criticado pelas queimadas na Amazônia, que prejudicam a imagem do Brasil no exterior, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu nesta segunda-feira, 5, que o combate ao desmatamento ilegal deve ser baseado não apenas em fiscalização e controle de atividades na região, mas também em incentivos econômicos, de modo a melhorar o padrão de vida da população do bioma.
Na avaliação de Salles, embora esteja na região mais rica em recursos naturais, a população da região amazônica vive com o pior índice de desenvolvimento humano do País, o que, segundo ele, representa um convide à ilegalidade.
"Está sentado sobre uma reserva de ouro e não pode garimpar, está em frente a uma arvore que não pode cortar, está do lado de determinado recurso natural que não pode explorar ... É óbvio que a pessoa vai ser cooptada por garimpo ilegal, roubo de madeira, grilagem... Se não dermos alternativa, ela vai acabar participando disso", afirmou o ministro durante participação em live transmitida pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo Salles, a fiscalização, sozinha, não vai resolver o problema do desmatamento se, como observou, as pessoas não forem colocadas no centro da discussão.
A exemplo do que já havia feito em entrevista publicada no sábado pelo Estadão/Broadcast, o ministro voltou a colocar o pagamento de bilhões de dólares em crédito de carbono por países desenvolvidos como o caminho para combater o desmatamento.
Sobre o tema, apresentou contas que estimam em US$ 133 bilhões o valor não pago por aproximadamente 7,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono que deixam de ser lançadas na atmosfera em razão do Cerrado e da Amazônia brasileira.
"O Brasil já fez esse trabalho e não recebeu por isso ... A luta por monetizar o Acordo de Paris e o mercado de carbono é para ter recursos para cuidar da floresta e das pessoas, colocar as pessoas no centro da discussão", disse Salles, reforçando que tais recursos, ao serem usados em áreas como saneamento e saúde, além de permitirem ganhos de renda à população, evitará que as pessoas sejam cooptadas pela ilegalidade, ao mesmo tempo em que podem financiar a fiscalização de atividades ilegais na Amazônia.
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