O número de casos de COVID-19 no Brasil aumentou nada menos que 701,58% entre janeiro e março deste ano, segundo o mais recente Boletim do Observatório COVID-19 Fiocruz, divulgado neste sábado (10/4). O número de mortes acompanhou a tendência e cresceu em 468,57% no mesmo período, mostrando a progressão da doença no país. O perfil de rejuvenescimento da epidemia já apontado em boletim anterior se mantém.
Os maiores aumentos de casos e óbitos foram registrados nas faixas etárias de 30 a 59 anos. O maior crescimento de casos da doença foi na faixa dos 30 aos 39 anos, de 1.218,33%, seguido da faixa dos 40 aos 49, de 1.217,95%. No caso do aumento do número de mortes, chama a atenção o crescimento de 872,73% na faixa etária dos 20 aos 29 anos e de 813,95% dos 30 aos 39. O aumento progressivo do número de casos e mortes e o rejuvenescimento da pandemia têm algumas implicações, como aponta o boletim.
"Esta mudança no perfil de casos e óbitos contribui para o aumento da pressão sobre o sistema de saúde, potencialmente prolongando o tempo médio de internação. Além disso, já que se trata de uma população com maior circulação devido às atividades de trabalho, é importante considerar o potencial de transmissibilidade aumentado devido a esse rejuvenescimento. Portanto, este fenômeno requer atenção dos gestores para uma intensificação da adoção das medidas de mitigação, como as de distanciamento físico e social."
O novo boletim alerta para o recrudescimento da pandemia nos próximos dias nas regiões Sul e Centro-Oeste.
As maiores taxas de incidência de COVID-19 foram observadas em Rondônia, Amapá, Tocantins, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.
As taxas de mortalidade mais elevadas foram verificadas em Rondônia, Tocantins, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
Esse padrão, aponta o boletim, coloca as regiões Sul e Centro-Oeste no epicentro da epidemia no país nas próximas semanas, o que pode ser ainda mais agravado pela saturação do sistema de saúde nos Estados destas regiões.
Para enfrentar o atual cenário, o boletim ressalta que é fundamental a combinação de diferentes medidas, envolvendo as não farmacológicas, o sistema de saúde e as políticas e ações de proteção e assistência social para redução da vulnerabilidade e do impacto social.
"É preciso que haja convergência e integração dos diferentes poderes do Estado brasileiro (Executivo, Legislativo e Judiciário), assim como os diferentes níveis de governo (municipais, estaduais e federal), com participação das empresas, instituições e organizações da sociedade civil para o enfrentamento desse momento bastante crítico e grave da pandemia", alerta o boletim.
Como exemplo de boas soluções contra o avanço da pandemia no Brasil, o boletim cita as medidas de bloqueio adotadas em Fortaleza, na região metropolitana de Salvador e no município de Araraquara, no interior paulista. Os impactos positivos dessas medidas em países como Itália e Espanha também são citados.