Na última semana, o Brasil se estarreceu com os desdobramentos da morte do menino Henry Borel, de quatro anos, suspeito de ter sido torturado e morto pelo padrasto, Dr. Jairinho, enquanto a mãe, a professora Monique Medeiros, seria conivente com os abusos. Ambos ainda estão sendo investigados pela polícia. Há 13 anos, infelizmente, um outro caso envolvendo a morte de outra criança apresentou, também, um desfecho macabro: o da pequena Isabella Nardoni.
Em uma demonstração de empatia, a mãe da vítima do homicídio que aconteceu em 2008, a administradora Ana Carolina Oliveira, de 37 anos, redigiu uma carta aberta para o pai de Henry, o engenheiro Leniel Borel.
“A morte brutal, os desdobramentos das investigações e a comoção causada na população são muito parecidos e doloridos”, diz o texto.
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No desabafo de Ana Carolina, ela destaca que “o que mais machuca” é saber que os crimes aconteceram quando ela e Leniel entregaram os filhos para quem deveria cuidar e zelar.
“Entregar um filho para nunca mais voltar é o que mais machuca, revolta. Não consigo explicar o tamanho dessa dor. No caso da Isabella, o pai foi o culpado.
No do Henry, a mãe está presa como suspeita de participar da morte do próprio filho. Justo a mãe, que deu vida à criança. Eu sou da seguinte opinião: as dores não são comparáveis. Mas elas são enormes, imensuráveis”, observa.
“O julgamento e a condenação encerram um ciclo, colocam um ponto-final em uma história muito triste. No meu caso, entre o assassinato da minha filha e a condenação, passaram-se dois anos. A imprensa teve um papel importante no caso da Isabella, assim como está tendo no do Henry. Ficar em cima ajuda a colocar uma pressão nas investigações, por Justiça”, lembra.
A administradora diz que se sente grata pelo amor e carinho recebidos. Mas observa que é necessário viver o luto da perda.
“Eu, como forma de tentar aparentar alguma normalidade no meio de tudo, voltei a trabalhar duas semanas após a morte da minha filha. Mas não dei conta, precisava me voltar para mim e buscar ajuda. Pedi então uma licença e fiquei três meses afastada”, completa.