Apesar de ter sido aprovado por unanimidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso emergencial do coquetel contra a COVID-19 nos hospitais públicos brasileiros ainda não está certo. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, explicou, nesta quarta-feira (21/4), que o medicamento será ainda será avaliado pela pasta antes de ser incluído no Sistema Único de Saúde (SUS).
"A Anvisa é um tipo de avaliação, é a avaliação de ingresso. A avaliação de incorporação é outro tipo de avaliação. São escopos distintos", afirmou Queiroga, ao ser questionado sobre o uso do coquetel antiviral, em coletiva de imprensa realizada no Ministério da Saúde. "É um medicamento novo, ainda precisamos saber mais. Vamos acelerar essa avaliação. Mas fazemos isso por uma questão de segurança, é para o bem da sociedade", acrescentou.
Segundo Queiroga, mesmo com o uso emergencial aprovado pela Anvisa, o coquetel antiviral deve ser aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) para ser incorporado ao SUS. Ele explicou que a Conitec vai deliberar sobre o uso do medicamento com base em análises técnicas.
O ministro ressaltou que, apesar de estudos indicarem que a aplicação do coquetel na fase inicial da COVID-19 reduz em 70% o risco de internação e óbito, sobretudo de pacientes com comorbidades, ainda há questionamentos sobre a eficácia do medicamento. Segundo Marcelo Queiroga, há dúvidas, por exemplo, se o coquetel pode contribuir com o desenvolvimento de novas cepas do coronavírus.
Impacto orçamentário
Além disso, a Conitec deve avaliar o impacto orçamentário do coquetel, com base em informações do público-alvo do coquetel no Brasil, que serão apresentadas pelo Ministério da Saúde. Afinal, o medicamento chega a custar US$ 3 mil. "Precisa haver um estudo entre o preço colocado, o resultado que é prometido e o resultado que é obtido. Se não, não tem sustentabilidade", frisou o ministro.
A Conitec tem uma reunião marcada para o próximo dia 5 e pode levar até 180 dias para avaliar a incorporação de um medicamento no SUS. Queiroga disse, no entanto, que esses prazos podem ser encurtados em virtude da urgência da pandemia.
Ele garantiu ainda que, se tiver a aprovação da Conitec, o coquetel poderá ser incorporado ao SUS e também à rede de saúde suplementar. Contudo, a farmacêutica Roche, fabricante do coquetel, sinalizou que vai priorizar o governo federal nas vendas do medicamento.