O juiz Arthur Lachter, da 19ª Vara Cível de Brasília, condenou a extremista bolsonarista Sara Fernanda Giromini por danos morais contra a antropóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB) Débora Diniz. De acordo com a decisão do magistrado, a extremista, conhecida como Sara Winter, terá de pagar R$ 10 mil a Débora. Porém, ainda cabe recurso.
A ação movida por Débora se refere às declarações feitas por Sara no ano passado, quando a professora da UnB se posicionou acerca do aborto de uma menina de 10 anos que havia sido estuprada pelo tio. Na época, Sara foi às redes sociais e chamou Débora de "a maior abortista brasileira", além de acusá-la de defensora da prática de tortura.
Anteriormente, Débora havia pedido uma indenização de R$ 50 mil. "Chamar a autora de maior abortista brasileira sem dúvida é um exagero, mesmo porque não foi feito um ranking ou análise de dados para se chegar a essa conclusão, mas tal perspectiva por si só não pode ser considerada ofensiva pela autora ou que viole a sua reputação, já que como disse acima, se apresenta perante o grande público como defensora na extensão das hipóteses legais de aborto", avaliou o magistrado.
Porém, ao avaliar a incitação de prática de tortura por parte de Sara, o juiz considerou que houve danos à professora. "Ofendeu a autora, a qualificando como defensora da prática de tortura num canal de YouTube com milhares de telespectadores, o que viola não só a honra subjetiva como a própria honra objetiva da requerente", disse. "A alegação é forte, desnecessária e não baseada em qualquer evidência. Comparar um procedimento médico qualquer com tortura, nos tempos de hoje, beira a má-fé", considerou o juiz para tomar a decisão.
Após a publicação da sentença, Débora se manifestou nas redes sociais: "Sara Giromini foi condenada a pagar R$ 10 mil por ofensas a mim. Ela pode recorrer. Insistirei". A reportagem tenta contato com a defesa da extremista. O espaço segue aberto.