Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Comparação das mortes no Brasil pela COVID com outras tragédias assusta

O total de mais de 400 mil vidas perdidas em decorrência da COVID-19 em 13 meses de pandemia no Brasil equivale a oito vezes a média anual de mortes violentas – provocadas por homicídios –  no país.






“Chegamos a uma cifra absurda de mais de 400 mil mortes provocadas por uma doença em único ano. Isso é mais uma prova da gravidade dessa doença. É uma prova do significado da pandemia, que afronta todas as teorias negacionistas sobre a gravidade da situação”, afirma o sociólogo Luis Flávio Sapori, pesquisador do Centro de Estudos em Segurança Pública da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

 

 

 

“A COVID-19 provoca um malefício social infinitamente superior ao da violência urbana, que já é muito grave, pois o Brasil é um dos países mais violentos do mundo”, avalia Sapori. 

 

O total de vidas já dizimadas pela pandemia no país é 13 vezes maior que a média anual de 30 mil mortes ocorridas no trânsito em território brasileiro.

 

Pela letalidade da pandemia até agora, é como se uma cidade do tamanho de Montes Claros – com  414,48 mil habitantes –, no Norte de Minas, sexto município mais populoso do estado, perdesse 97% da população.



O professor Marcos Esdras Leite, do mestrado em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), lembra que 400 mil pessoas equivalem também à soma dos habitantes das outras oito  cidades mais populosas do Norte do estado: Janaúba, Januária, Pirapora, São Francisco, Salinas, Bocaiuva,  Taiobeiras e Brasília de Minas. 

 

Mas existem outras comparações com o total de pessoas mortas pelo coronavirus no Brasil.

(foto: Arte: Soraia Piva/EM/D.A Press)

COVID-19 mais letal no Brasil do que a gripe espanhola

Em termos percentuais, considerando o total de 400 mil mortos em 13 meses, a COVID-19 está sendo mais letal do que gripe espanhola no país, em 1918. A observação é do professor Laurindo Mékie Pereira, doutor em história pela Universidade de São Paulo (USP) e docente do programa de mestrado em história da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

 

Ele fez estudos comparativos sobre a doença respiratória atual e a síndrome gripal de mais de 100 anos atrás. Mékie Pereira salienta que o Censo geral feito no Brasil em 1920 aponta que, na ocasião, o Brasil tinha 30 milhões de habitantes.



E estima-se que foram perdidas 35 mil vidas por causa da influenza – o que dá uma taxa de mortalidade de 0,116%. “Os dados são precários. Os números são imprecisos. Ainda hoje, há dúvidas quanto a isso. Imagine (como era) 100 anos atrás”, pontua.

 

Considerando a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o Brasil conta atualmente com 211,8 milhões de habitantes, os 400 mil óbitos provocados pelo coronavirus equivalem a 0,188% da população. 

 

“É difícil comparar porque os dados das mortes em 1918 não são muito seguros. Mais importante: há uma diferença substancial na duração. A gripe chamada de espanhola – muito provavelmente não surgiu na Espanha, como mostram as historiadoras Heloísa Starling e Lilia Schwarcz no livro 'A Bailarina da Morte' – durou dois ou três meses. A COVID-19 já se arrasta por mais de um ano”, observa o professor da Unimontes. 





 

“Entre outras, uma grande diferença de 2020 para 1918 é o sistema público de saúde, hoje muito bem estruturado nacionalmente e inexistente na época. Uma frase do médico Miguel Pereira, em 1916, resume bem o quadro daquele tempo: 'O Brasil é um imenso hospital', afirma Laurindo Mékie Pereira.

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.



Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).





  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.





Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

Em casos graves, as vítimas apresentam

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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