Nesta segunda-feira (03/05) idosos com 67 anos deveriam receber a segunda dose da Coronavac. Mas, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) admitiu, na última sexta-feira (30/4), não há vacinas para a aplicação da segunda dose do imunizante em idosos de 64 a 67 anos na capital.
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A PBH informou que seguiu a orientação do Plano Nacional de Imunização e, portanto, não guardou as segundas doses para esse público. A expectativa é de que até o final da semana a imunização destas faixas etárias seja retomada em BH.
Mas, diante da falta de doses, alguns idosos estão apreensivos com a possibilidade de perda de eficácia do imunizante tomado fora do prazo.
O infectologista e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dirceu Greco, no entanto, tranquiliza. “Se não houver a segunda dose é um problema, pois a eficácia começa a se perder. Mas, se for um tempo curto, não há problema. Ela deve ser tomada o mais rápido possível. A imunidade já foi parcialmente adquirida, então não estará perdida.”
Portanto, se o prazo estabelecido pela PBH for cumprido, não haverá problema, já que conforme estabelece a bula da Coronavac, a segunda dose do imunizante deve ser aplicada entre 14 e 28 dias após a primeira.
“Se durante esta semana a vacina estiver disponível, não houve perda significativa da imunização daqueles que tomaram a primeira dose”, diz.
Reforço e perda gradual da eficácia
O infectologista explica que a segunda dose funciona como uma espécie de “empurrão”. “A pessoa está andando devagar, toma um ‘empurrão’ e produz mais anticorpos.” Assim, ela seria um reforço da primeira dose.
“A imunidade começa com uns 4 a 5 dias depois da primeira dose. A partir daí, ela vai crescendo. Mas chega em um percentual que não é satisfatório. Quando a segunda dose é aplicada, chega naquela eficácia que foi comprovada, com mortalidade e doença grave muito baixas. A segunda dose estimula mais rapidamente e intensamente a produção de anticorpos”, complementa
Greco, no entanto, ressalta que a eficácia da vacina contra a COVID-19 vai sofrer uma perda gradual com o tempo.
“Mas não sabemos quando. Não existe nenhum estudo internacional mostrando qual é a perda (de eficácia) após os 28 dias. Quando eles estavam testando para definir qual era o melhor prazo entre uma dose e outra, foram imunizando pessoas com 14 dias, com um pouco mais de tempo. E, chegando a 28 dias, mostra que a resposta imunológica é muito boa.”
Segundo o infectologista, não é possível saber com precisão, mas a perda é gradual e não aguda. “Ela vai diminuindo gradativamente. Pensando imunologicamente, mesmo que ela tenha diminuído e a vacina chegue depois, o reforço, o ‘empurrão’ vai acontecer, já que o sistema está preparado.”
“Vai cair, não sabemos em quanto tempo cai. O que tem que ficar claro é que a eficácia dela, como escrito na bula, é melhor com no máximo 28 dias entre a primeira e a segunda dose, para que a imunização seja alcançada.”
De acordo com ele, mesmo após o prazo de 28 dias é recomendável que as pessoas tomem a segunda dose. Não está dentro do parâmetro, mas está em um prazo razoável para que as pessoas se imunizem e não tenham medo com relação a isso (perda de eficácia)”.
Porém, Greco reforça que, mesmo no prazo certo, as pessoas que tomaram a primeira dose devem manter todos os cuidados, pois a imunidade ainda não está estabelecida. “E, mesmo após a segunda, não podemos descuidar. Vamos continuar usando máscara por muito tempo ainda até que os 70% estejam devidamente vacinados, pelo menos.”
O infectologista lembra, também, que as pessoas não deixem de tomar a vacina da gripe. “É importantíssimo. Assim que tiver os prazos definidos, não deixem de se vacinar", conclui.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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