O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, anunciou mais um ataque ao legado da instituição que lidera desde fevereiro de 2020. Nas redes sociais, informou que mudará o logotipo da fundação, alegando que a imagem faz referência ao candomblé, religião de matriz africana.
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A medida, no entanto, vem na esteira de outras de ataque aos símbolos da cultura negra no Brasil. Sérgio Camargo já disse, publicamente, em seu perfil, em 27 de agosto, que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros do Brasil vivem melhor que negors da Áfirca".
Em 3 de dezembro de 2020, sob a orientação dele, a fundação retirou homenagens a 27 personalidades, entre elas Elza Soares, Martinho da Vila, Milton Nascimento e Gilberto Gil, as escritoras Conceição Evaristo e Sueli Carneiro, o atleta Joaquim Carvalho Cruz e a ambientalista Marina Silva.
Os ataques de ordem simbólica, feitas ao Movimento Negro, têm impactos reais nas políticas públicas pela igualdade racial. Apesar de ser a instituição que certifica as comunidades quilombolas, a fundação teve o propósito desviado desde que Sérgio Camargo começou a presidi-la.
Além de não propor políticas públicas de atenção à população quilombola, ele tem feito ações que retiram conquistas do movimento negro. Vale lembrar que o nome da fundação é dada em homenagem ao Quilombo de Palmares, a mais importante organização de negros em busca de liberdade.
Desde que assumiu, os processos de titulação dos quilombos foram suspensos. O processo de dar posse da terra aos descendentes de quilombolas tem início com o reconhecimento feito pela fundação e depois segue para o processo legal conduzido pelo Incra. No governo Bolsonaro, praticamente parou a titulação.
A Fundação Cultural Palmares se transformou em plataforma para que Sérgio Camargo ataque o Movimento Negro do Brasil. No entanto, a instituição foi criada para defender a cultura negra no país e, em especial, os territórios quilombolas a partir de diretrizes da Constituição Federal de 1988.
Sérgio Camargo foi indicado ao cargo pelo ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, que foi exonerado depois de vídeo que plagiava discurso nazista de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hittler.
Camargo assumiu o cargo em fevereiro de 2020, pouco antes da chegada do novo coronavírus ao Brasil, sob forte protesto do Movimento Negro que, inclusive, tentou barrar a nomeação na Justiça, mas sem sucesso.
Camargo assumiu o cargo em fevereiro de 2020, pouco antes da chegada do novo coronavírus ao Brasil, sob forte protesto do Movimento Negro que, inclusive, tentou barrar a nomeação na Justiça, mas sem sucesso.