Dor e
revolta
são os
sentimentos
relatados pela família de Leidenaura Moreira Rosa da Silva, 35 anos, vítima de feminicídio no domingo (6/6).
Ela foi assassinada pelo namorado, Valdemir Pereira da Silva Júnior, 31
, durante uma
confraternização
com amigos e parentes no Distrito Federal. Mãe de seis filhos, Leide, como era mais
conhecida
, foi levada às
pressas
ao Hospital Regional de Planaltina (HRPL), mas não resistiu. O
agressor
foi contido por testemunhas até a chegada da polícia.
Por incontáveis vezes, o rapaz e os irmãos, de 17, 15, 13, 8 e 4 anos, intervieram nas discussões do casal para proteger a mãe. “Ele chegava para bater nela (mãe). Cansamos de entrar no meio para impedir que qualquer coisa fosse feita”, relatou. Cinco das seis crianças são
frutos
de outro
relacionamento
. Essas perderam o pai em um acidente há oito anos e, agora, ficaram órfãos também de mãe. O caçula é filho de Leide com Valdemir. “Não sei como vai ser. Com quem vamos ficar, o que será de nós. Não tenho palavras para definir minha mãe. Uma mulher
maravilhosa
, batalhadora e que cuidou de todos com garra”, completou o adolescente.
A mãe de Leide saiu de Campo Alegre de Lourdes, no interior da Bahia, até Brasília. Ela chegou ontem para organizar o enterro da filha. Sob forte comoção, familiares e amigos se concentraram na casa de Leide. Abalada, a mãe permaneceu dentro da residência a todo momento, cumprimentando e abraçando quem chegava. Os filhos da vítima se revezaram ao ficar dentro e
fora
do imóvel. Entre
lágrimas
, eles eram consolados por parentes e vizinhos.
Ferida, Leidenaura ficou internada no Hospital de Planaltina, mas às 20h de domingo sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. A faca usada no crime foi localizada pela Polícia Civil e
encaminhada
à perícia. Não se sabe, ainda, o local e a hora do sepultamento.
Investigação
O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) como feminicídio. Após matar a mulher, populares contiveram o homem. Segundo o Corpo de Bombeiros, Valdemir foi agredido por
testemunhas
. Em depoimento na unidade policial, o acusado deu uma versão, mas nada ficou comprovado sobre a motivação do crime. De acordo com o delegado-chefe da 16ª DP, Diogo Cavalcante, a vítima registrou boletim de ocorrência em julho do ano passado contra Valdemir no âmbito da Lei Maria da Penha por ameaça, mas não chegou a solicitar medidas
protetivas
.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), entre janeiro e abril desse ano, foram registrados oito casos de feminicídio, um aumento de 33% em relação ao mesmo período de 2020, quando seis mulheres foram mortas em decorrência do gênero. Segundo a pasta, houve redução de 46,8% nesse tipo de crime entre 2020 e 2019 (17 contra 32,
respectivamente
).