A mãe da jovem Kathlen de Oliveira Romeu, morta enquanto ia visitar a família no Complexo do Lins, na zona norte do Rio, fez um desabafo após a morte da filha. Segundo Jackeline, ela está cansada “da historinha contada pela polícia” sobre ser recebida na favela “por troca de tiros”, porque quem foi recebida assim foi a filha.
“Quem foi recebida a tiro foi minha filha, minha única filha. Eu tive a Kathlen com 15 anos, mas nunca fraquejei como mãe. Fiz tudo que eu podia e não podia para ela não ser mulher de bandido, uma vagabunda. Então, se você chega lá, as pessoas respeitam ela. Kathlen Romeu era exemplo. Respeitem a memória da minha filha. Não falem que foi bandido, porque se fosse, eu falaria”, desabafou a mãe.
Kathlen Romeu, que tinha 24 anos e trabalhava como designer de interiores, morreu na comunidade do Lins, na tarde desta terça-feira (8). Ela estava grávida.
Vitima de bala perdida na comunidade da zona norte do Rio, ela foi assassinada durante o confronto de bandidos com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Vitima de bala perdida na comunidade da zona norte do Rio, ela foi assassinada durante o confronto de bandidos com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A morte da jovem tomou as redes sociais. Internautas questionam a pauta racial e relembram outros casos similares.
“Eu não passo pano para ninguém, não. Eu moro no morro, porque eu precisava. Gente do bem mora no morro porque precisa. Quem tem filho, sabe do que eu estou falando. Ninguém começa do alto. Eu saí de lá há um mês. São 40 anos morando na comunidade e isso é uma falta de respeito. A polícia entrou na minha casa. Já entrou lá. Eles acham que todo mundo é bandido, parente de bandido. Parem de matar a gente”, disse a mãe emocionada aos repórteres.
Segundo Jackeline, ela não sabe por qual razão a filha dela morreu, mas que a “lição” foi dada. “Não tem que matar mais o filho de ninguém. Matem os bandidos. A polícia treina para isso. A gente paga imposto para a polícia treinar. Quem dá tiro é bandido, policial tem que dar tiro quando mira. Eles têm que treinar e respeitar a gente”, pontua.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.