Jornal Estado de Minas

OFENSAS

Médico detido no Egito chora em live após pedir desculpas

O médico Victor Sorrentino fez uma live na última terça-feira (8/6) pedindo desculpas por suas ações em um vídeo que expôs uma vendedora muçulmana, no Egito. Ele é acusado de assédio sexual após ofendê-la em português.





 



No vídeo em que a mulher aparece, ele diz “vocês gostam mesmo é do bem duro, né?”. O médico e seus companheiros riram da situação e continuaram “elas gostam é do bem duro, duro. Comprido também fica legal, né? O papiro comprido”. A vendedora que aparentava estar constrangida, responde que sim, e vira alvo de risadas pelo grupo.


Durante a live, ele sempre ressaltava que não estava tentando justificar suas atitudes e sim reconhecer e assumir seus erros. Victor também estava vestido com uma camiseta com a frase “pai pra toda obra” e chorou em diversos momentos.

 

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Ele exibiu vídeos da viagem em que conversa com vendedores sobre estátuas que representavam os órgãos sexuais dos deuses egípcios, comparando-os com os dos brasileiros. O médico alega que o vídeo foi editado, "só aquela parte, traduziram para a língua árabe e divulgaram nas redes sociais".



O brasileiro se defende, apontando um clima de brincadeira, mas assume o erro. "Esse descuido é um erro, não medir as palavras, usar as palavras erradas em uma brincadeira que não tinha o direito de fazer com ela, apesar de que a gente tinha pedido para filmar ela explicando a coisas." 

 

Sorrentino disse que cometeu diversos erros e no começo reagiu de uma forma ruim e foi reativo às mensagens, e ao agir assim, provocou a ira de diversas pessoas. Além disso, ele fala que demorou a apagar os stories e que isso também foi um erro. O médico completa dizendo que pediu desculpas à egípcia e à família dela diversas vezes, e que ela não quis prestar queixas por não se sentir ofendida e não aceitou nenhuma forma de pagamento.

 

Sobre a investigação, Victor fala “eles me investigaram, e foi uma investigação maçante. Sofri muito. Passei os melhores e os piores momentos da minha vida. Os piores porque nunca imaginei que eu fosse passar por aquilo e nunca imaginei que minha família fosse passar pelo que passou. Ficaram sem notícias minhas durante um período. A investigação foi muito dolorosa, eles não sabem o quanto as pessoas aqui estavam sofrendo.”

 

Na transmissão, o médico se referiu a si mesmo diversas vezes em terceira pessoa. "As autoridades decidiram em tudo que investigaram dos fatos que não havia motivos para abrir um processo para o Victor, não havia motivos para deportar o Victor, não havia motivos para reter o passaporte do Victor e que, portanto, o Victor deveria seguir o seu curso para casa com o passaporte, podendo voltar para o Egito quando quisesse sem ter que pagar absolutamente nada a não ser o preço do sofrimento de ter ficado praticamente seis dias sendo investigado em condições que são diferentes das condições do Brasil."





 

Por defender o tratamento precoce contra a COVID-19, que já foi comprovado ser ineficaz, Sorrentino foi chamado de bolsonarista, mas ele afirma que não é. "Votei, votar em alguém não é ser bolsonarista. Foi simplesmente uma opção que fiz naquele momento, não tenho ídolos dentro da política." 

 

Victor falou que sua família e seus amigos também sofreram agressões e ameaças. "Eles foram julgados, agredidos, ameaçados por conta de 15 segundos de um vídeo do qual eu me desculpei. De um erro que aparentemente é inafiançável, usar palavras erradas. As mesmas pessoas que, por vezes, estão defendendo pessoas que estupraram outras, né?” O médico disse ainda que recebeu diversas mensagens de apoio e que nos seis dias da investigação se sentiu “muito próximo a Deus” e se sente transformado.

 

O médico finalizou a live dizendo que "recordo tudo o que aconteceu com felicidade por estar aqui e por saber que eu tenho uma vida abençoada com tudo de bom e de ruim que aconteceu, uma vida extremamente abençoada. E que eu tenho muito a evoluir e que esse foi o momento de maior evolução em toda a minha vida. A semana mais transformadora da minha vida, mesmo nos locais onde eu estive". 

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie. 

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