O Boletim do Observatório COVID-19 Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira (9/6), alerta que o cenário atual da pandemia é de alto risco, exigindo muita atenção e prudência. A análise mostra que as pequenas oscilações no número de casos nas últimas semanas demonstram a permanência de elevado nível de transmissão do vírus. Onze estados e o Distrito Federal têm taxas de ocupação de UTI iguais ou superiores a 90%.
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Ocupação de UTIs em 20 estados reforça ameaça no país, diz FiocruzDoze Estados e DF têm alta em casos de síndrome respiratória grave, diz FiocruzFiocruz prevê 50 milhões de doses com insumo nacionalVacina: Fiocruz e AstraZeneca assinam acordo de transferência de tecnologiaLaboratório alerta para aumento da procura por testes de COVID-19 no país Brasil registra 2.723 mortes por COVID-19 em 24h, diz ConassOs estados são: Tocantins, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás. Os pesquisadores chamam atenção sobre a necessidade de se combinar medidas para enfrentamento da pandemia nas próximas semanas, até que a maior parte da população esteja vacinada.
Segundo o estudo, a combinação do número alto de casos com uma ligeira queda no número de mortes e a maior parte dos estados com alta taxa de ocupação de leitos UTI COVID-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) é muito preocupante. “Ainda é prematuro considerar que há uma queda sustentável de casos e mortes ou que estamos entrando em uma terceira onda”, observam.
“Em alguns estados e no Distrito Federal, é possível que venha ocorrendo gerenciamento da disponibilização e bloqueio de leitos de UTI, com a manutenção do indicador em patamar elevado. Entretanto, a situação predominante é, indubitavelmente, de descontrole da pandemia”, diz o estudo.
Medidas de mitigação
Enquanto a maior parte da população não está vacinada, os pesquisadores afirmam que devem ser incorporadas algumas ações fundamentais às medidas de enfrentamento.
Segundo a Fiocruz, o lockdown, uma medida considerada mais forte, deve ser adotado para os estados e municípios com taxas de ocupação de leitos UTI COVID-19 de 85% ou mais.
“É muito importante a utilização de medidas não-farmacológicas, que têm como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos, o que sobrecarrega as capacidades para o atendimento de casos críticos e graves e contribui para o crescimento de óbitos; medidas relacionadas ao sistema de saúde, que visam aliviar a sobrecarga dos serviços e também reduzir a mortalidade hospitalar por COVID-19, por desassistência e por outras doenças, bem como garantir o suprimento de insumos fundamentais para o atendimento; às políticas e ações sociais, cujo objetivo é mitigar os impactos sociais e sanitários da pandemia, principalmente para as populações e grupos mais vulneráveis”.
Taxas de ocupação de leitos
Os dados levantados nos dias 31 de maio e 7 de junho sinalizam que as taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para adultos no SUS se mantêm em relativa estabilidade, em níveis muito elevados.
As poucas quedas mais significativas do indicador aconteceram em Rondônia (de 72% para 62%), Espírito Santo (de 76% para 68%) e Mato Grosso (de 95% para 87%). Além disso, os dois primeiros estados se mantêm na zona de alerta intermediário e o último na zona de alerta crítico.
Em contrapartida, houve aumento do indicador mais expressivo em Roraima, que volta à zona de alerta crítico, muito possivelmente pela redução dos leitos de UTI disponíveis – originalmente eram 90, há algumas semanas passaram a 60 e na última semana caíram para 54.
Já o Maranhão, se mantém na zona de alerta crítico, com o indicador saindo de 83% para 90%. Todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste permanecem com taxas iguais ou superiores a 80% e, no Sudeste, a única exceção é o Espírito Santo.
No Norte, o Acre se mantém como único estado fora da zona crítica e Tocantins se junta à Roraima na zona de alerta crítico, refletindo, no entanto, uma piora na dinâmica da pandemia. No Distrito Federal, continua chamando a atenção a quantidade de leitos bloqueados, embora a taxa de ocupação esteja elevada.
Onze estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%:
- Tocantins (94%),
- Maranhão (90%),
- Ceará (93%),
- Rio Grande do Norte (94%),
- Pernambuco (97%),
- Alagoas (91%),
- Sergipe (99%),
- Paraná (96%),
- Santa Catarina (97%),
- Mato Grosso do Sul (107%),
- Goiás (90%)
- Distrito Federal (90%).
Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para adultos entre 80% e 89%:
- Roraima (87%),
- Piauí (88%),
- Paraíba (80%),
- Bahia (84%),
- Minas Gerais (82%),
- Rio de Janeiro (81%),
- São Paulo (82%),
- Rio Grande do Sul (84%)
- Mato Grosso (87%).
Cinco estados estão na zona de alerta intermediário entre 60% e 80%:
- Rondônia (62%),
- Amazonas (61%),
- Pará (78%),
- Amapá (68%)
- Espírito Santo (68%)
O único que está fora da zona de alerta é o Acre, com 41%.
As taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para adultos no SUS observadas no dia 7 de junho apontam para a persistência de quadro grave de sobrecarga no sistema de saúde pela COVID-19.
Com a vacinação dos idosos e maior exposição de adultos jovens, tem havido uma mudança no perfil de idade dos pacientes internados, que talvez estejam tendo mais tempo de permanência hospitalar, de acordo com o estudo.
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria