O médico Drauzio Varella criticou, em entrevista à "GloboNews", a declaração do presidente Jair Bolsonaro feita nesta quinta-feira (10/6). Bolsonaro pediu que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, faça um parecer para que o uso de máscaras no Brasil não seja mais obrigatório para os vacinados.
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“Acabei de conversar com o Queiroga e ele vai fazer um parecer para desobrigar o uso de máscaras para pessoas vacinadas ou que já contraíram o vírus”, explicou Bolsonaro. “Não quero que isso seja um símbolo”, disse ele com uma máscara na mão.
O médico classificou a medida como uma ‘temeridade’.
“Essa medida é uma temeridade. Ela só tem uma justificativa. Se for para disseminar o vírus, ainda mais, pelo país inteiro”, disse em entrevista à Globonews.
Em seguida afirmou que, com o cenário atual da pandemia no Brasil, a atitude deveria ser exatamente oposta a esta.
“Nós estamos passando de duas mil mortes por dia, número de infectados muito alto. Era o momento de chegar para a população e dizer: ‘Todo mundo tem que andar de máscara’. Você tem um pouco mais de liberdade de andar na rua. De máscara, na rua, você não pega o vírus. É muito difícil pegar.”
E completou, “agora a gente faz o contrário. Qual é o objetivo disso? É disseminar a epidemia? É morrer mais gente? É ter um número de infectados muito maior? Eu, sinceramente, não consigo ver outra intenção.”
Drauzio lembrou ainda que nenhuma vacina protege 100% contra a doença. Elas imunizam, atenuam os efeitos e protegem contra formas mais graves da COVID. Além disso, mesmo vacinadas, as pessoas podem transmitir os vírus para outras.
Ele ressaltou ainda que as UTIs para a COVID-19 estão perto da capacidade máxima em vários estados e um aumento no número de casos agravaria ainda mais o cenário.
O médico afirmou, também, que seria difícil fazer o controle de quem já se vacinou e poderia, portanto, não usar mais a máscara.
Drauzio falou sobre o caso dos Estados Unidos, onde o uso de máscaras foi liberado em alguns estados e lugares. Segundo ele, nem no país norte-americano existe consenso sobre a medida. Além disso, o número de pessoas que já foram imunizadas lá é muito maior do que no Brasil. Portanto, para ele não haveria cabimento adotar uma medida como esta no país.
Avaliando o pedido
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que está avaliando o pedido feito pelo presidente Jair Bolsonaro.
A medida está em estudo e ainda não tem data para ser realizada. A ideia vai contra a avaliação de epidemiologistas, que apontam o uso de máscaras como um dos principais métodos para evitar a propagação do coronavírus.
“Queremos que (a desobrigação do uso de máscaras) seja o mais rápido possível, para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar”, afirmou Queiroga, em entrevista à CNN.
O ministro também disse que não foi pressionado por Bolsonaro para resolver a questão. “O presidente não me pressiona não, sou ministro dele, nós trabalhamos em absoluta sintonia.”
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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