Jornal Estado de Minas

PÂNICO E PREJUÍZO

Tensão marca cidade onde Lázaro foi morto: 'Tem gente que nem dormiu'

Após 20 dias de tensão e apreensão que se espalharam por todo o Brasil, a busca por Lázaro Barbosa chegou, enfim, a um desfecho nesta segunda-feira (28/6). Condenado por assassinatos e estupros, o fugitivo causou medo e até mesmo prejuízo especialmente nos moradores das cidades por onde ele passou durante a fuga. 




 
“Tem gente que nem conseguiu dormir ontem (domingo) à noite, por causa do barulho. Tinha muito carro e o helicóptero também estava lá, aí desconfiaram que era o Lázaro mesmo", conta ao Estado de Minas Jeiel Messias, vendedor de uma farmácia do município de Águas Lindas de Goiás (GO).
 
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Foi no município com quase 220 mil habitantes onde Lázaro foi encontrado por autoridades, trocou tiros e morreu. Se não bastasse a pandemia do novo coronavírus, a fuga do condenado por assassinatos causou até mesmo - mais - prejuízo aos comerciantes de cidades da região.

“O movimento caiu uns 60% desde que começou essa história. A gente continuou trabalhando, com medo, mas ninguém estava vindo comprar”, afirma um vendedor de materiais de construção, que pediu para não ser identificado. Ele trabalha no distrito de Girassol, em Cocalzinho de Goiás (GO), que faz limite com Águas Lindas de Goiás.




 
O comércio da cidade de Águas Lindas também permaneceu aberto durante os 20 dias - e o medo era igualmente presente. “Agora o clima tá melhor. Depois que conseguiram capturar ele, deu mais segurança. Estávamos tensos, com muito medo. Não sabíamos onde ele estava, porque aqui é bem arborizado, tem bastante mato. Não dava para saber a localização exata do Lázaro”, explica.
   

Fama e tensão

 
O vendedor que prefere não se identificar diz que Lázaro já era conhecido nas redondezas por invadir algumas fazendas e fugir para o mato. “Antes do acontecimento daquela família em Ceilândia, ele já vinha matando e invadindo umas fazendas aqui. Ele já tava tocando o terror tinha uns três a quatro meses. Ele invadia as chácaras e corria pro mato”. 
 
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Segundo o mesmo comerciante, o clima de uma das principais regiões da perseguição era de muita tensão. “Todo mundo ficou com medo, tava tenso demais. Ninguém sabia onde ele realmente estava. Na mesma hora que tava num lugar no mato, tinha gente que via ele na cidade”, relembra.




 
Apesar de crimes cometidos até em outros estados, os moradores de Águas Lindas de Goiás não sabiam de toda a história do homem. Segundo o vendedor Jeiel, ele era conhecido pela 'fama', mas a maioria não tinha conhecimento do motivo.
 
“Onde ele foi localizado, era conhecido por conta do relacionamento com a ex-mulher, mas ninguém sabia do paradeiro e que antes ele tinha cometido crimes até na Bahia”, afirma. 
 

Fim da perseguição (e do medo)

 
Os moradores, inclusive, foram fundamentais para que a perseguição chegasse ao fim, conforme informou o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda. Residentes e uma câmera de segurança flagraram Lázaro enquanto se deslocava para a casa da ex-companheira. As autoridades receberam denúncias da aparição e, horas depois, encontrariam o foragido.
 
De acordo com o Correio Braziliense, o criminoso visitou a casa da ex-companheira para entregar R$300 - os dois têm um filho de 3 anos. Entre esse momento e a denúncia na polícia pouco tempo se passou, segundo o vendedor da farmácia.




 
“Disseram que foi uma coisa rápida, quando ele apareceu aqui (na cidade) já denunciaram. O rapaz que viu falou que o Lázaro tentou invadir a casa dele, aí avisaram polícia”, afirma Jeiel Messias. 

Alívio

 
Com o fim da perseguição, os vendedores ouvidos pela reportagem afirmam que as cidades da região respiram mais aliviadas. “A gente fica feliz por terem capturado ele, essa história estava bem longa já. Tinha muita gente preocupada, ficamos aliviados", diz o vendedor de farmácia em Águas Lindas.

“Quando ficamos sabendo que pegaram ele, deu um alívio, mas o movimento na loja ainda tá pouco. Até voltar ao normal deve demorar uns dias, porque deu muito medo. Você não sabia onde que ele tava, não podia sair pra fazer nada. Ficamos à mercê dele”, afirma o vendedor do distrito de Girassol.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Ricci 

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