A Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, encaminhou ao Ministério Público, nesta quarta-feira, 7, dois casos de moradores que receberam a terceira dose de vacina contra a covid-19 de forma, possivelmente, fraudulenta. A pasta também pediu a apuração de uma tentativa de receber irregularmente a terceira dose. Conforme entendimento do Ministério Público de São Paulo (MPSP), a conduta pode tipificar crimes de falsidade ideológica e infração de medida sanitária. Havendo flagrante, a pessoa deve receber voz de prisão.
Conforme a secretaria de Rio Preto, as duas pessoas receberam uma dose da vacina Pfizer, mesmo já tendo recebido as duas doses da Coronavac. Elas não foram identificadas, mas um dos casos, que envolve uma médica moradora da cidade, já é investigado pelo MP. A médica atua na linha de frente da covid-19 e alegou ter tomado duas doses da Coronavac em estudo clínico do Instituto Butantan. Assim, não se sentiu devidamente imunizada e recebeu a vacina da Pfizer.
A outra pessoa vacinada com a terceira dose é de Mirassol, cidade vizinha. Ainda segundo a secretaria, em ambos os casos o sistema de registro de dados estava indisponível no momento da aplicação, o que não permitiu a consulta ao histórico vacinal.
Já o terceiro caso, de tentativa de fraude na cidade, envolveu uma pessoa que havia recebido a primeira dose da Astrazeneca e se apresentou para receber uma dose da Pfizer. Quando houve a checagem do Termo de Responsabilidade assinado na primeira aplicação, a pessoa deixou o local. O Ministério Público informou que os três casos serão apurados para, se for o caso, serem propostas penalidades.
Outros casos
A prefeitura de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, investiga se dois profissionais da saúde receberam a terceira dose da vacina contra a covid-19. As denúncias chegaram ao município e a Secretaria Municipal de Saúde iniciou uma apuração. Em um dos casos, a pessoa teria recebido as duas doses convencionais e mais uma dose da vacina Janssen. Segundo a secretária Vânia Maria Alves Silva, estão sendo cruzados os dados do cadastro no VaciVida para confirmar se houve a vacinação indevida e em que circunstâncias aconteceram.
O Ministério Público estadual já investiga o caso de uma médica veterinária que havia recebido as duas doses e voltou à fila de vacinação para receber o imunizante da Janssen, aplicada em dose única. Ela chegou a postar fotos com as três aplicações em sua rede social. O caso levou a prefeitura de Guarulhos a pedir manifestação do MPSP sobre a conduta da veterinária. O Nadim Mazloum informou que os servidores devem ser orientados para "acionar a Polícia Militar ou a Guarda Municipal e efetuar a prisão em flagrante" do infrator.
Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde ainda apura se dois alunos do curso de medicina de uma universidade particular se aproveitaram da rotina médica para burlar o sistema e tomar uma terceira dose da vacina contra a covid-19. Eles já teriam tomado extraoficialmente as duas doses da Coronavac e voltaram a se apresentar, recebendo a vacina da Pfizer. Em Araçatuba, no interior, um funcionário do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tomou as duas doses da Coronavac na cidade e, meses depois, se vacinou novamente com a Astrazeneca em Birigui, cidade vizinha. O caso está sendo investigado.
No Paraná
A prefeitura de Paranavaí, no interior do Paraná, investiga se pessoas que receberam as duas doses da vacina contra a covid-19, teriam conseguido receber uma terceira dose de outra marca de vacina contra a doença. Em pelo menos um caso, já houve a confirmação de que a moradora, após ter recebido as duas doses, voltou ao posto de vacinação para ser vacinada pela terceira vez, mas com outra vacina.
Segundo a prefeitura, os profissionais de saúde que estavam no local conheciam a pessoa e conferiram no sistema a situação vacinal dela. "A pessoa não foi imunizada novamente e foi solicitado que ela se retirasse do local", disse, em nota, o município. O caso, no entanto, levantou a suspeita de que outras pessoas teriam conseguido receber a terceira dose, levando a prefeitura a abrir uma apuração. Se for constatado que houve burla, os casos serão encaminhados para o Ministério Público.
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