Após reunião com governadores, nesta terça-feira (13/7), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o ministério vai discutir com estados e municípios uma orientação nacional sobre a possibilidade ou não de redução do intervalo entre a primeira e a segunda dose de vacinas contra a COVID-19.
Durante o encontro, Queiroga criticou gestores locais que têm anunciado, isoladamente, reduções no tempo entre as duas aplicações da AstraZeneca e da Pfizer para aumentar a segurança contra a variante Delta do novo coronavírus.
Ele lembrou que o Programa Nacional de Imunização (PNI) se reúne semanalmente para discutir decisões na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), e ponderou que a decisão de alterar o prazo para aplicação da segunda dose vai na contramão do que define o PNI.
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Quatro pacientes com COVID morrem após falta de energia em hospital Governo do Rio autoriza antecipação da segunda dose da vacina da AstraZenecaEm reunião com governadores, Queiroga prevê 100 milhões de doses até agostoPolícia fecha farmácia que enganava imigrantes com vacina por R$ 100"Ocorre que alguns secretários tomam deliberações baseados, naturalmente, no entendimento deles, e que isso, de uma certa maneira, rompe o pacto que foi tratado no PNI. Então a decisão que nós tomamos hoje é que se mantenha a higidez do PNI", declarou o ministro da Saúde. "De nada adianta essas discussões em redes sociais, que 'fulano de tal fez isso', 'fulano de tal fez aquilo', isso não resolve", reforçou.
O ministro também ressaltou que ainda não está cientificamente comprovada a eficácia da redução do tempo entre doses da vacina contra variantes da COVID-19. "Variante Delta. Quais são as evidências de que temos uma progressão da Variante Delta no Brasil? Não temos. No entanto, nós não devemos esquecer que, não só a variante Delta, como outras variantes, podem surgir. A AstraZeneca: se fala em reduzir o prazo de aplicação. Os pesquisadores de Oxford falam que se alargar o período de aplicação entre a primeira e a segunda dose isso poderia ter um cenário mais favorável", afirmou o ministro.
"Então, vamos deixar os técnicos decidirem isso. Eles são as pessoas mais indicadas para tomarem as decisões técnicas, até porque vocês mesmos, como nós, defendemos a medicina baseada em evidências", completou Queiroga.
Na reunião, que foi solicitada pelo Fórum Nacional de Governadores, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), anunciou que, até quinta-feira (15/7), o fórum entregará ao PNI um pedido para que seja definida nacionalmente uma orientação sobre o intervalo entre as duas doses das vacinas contra a COVID-19.
"Nós vamos encaminhar formalmente ao PNI, à Comissão Intergestores Tripartite, para ser uma decisão nacional, em relação a antecipar ou não a segunda dose, se tiver antecipação o que é possível, quais as vacinas", disse o governador do Piauí. "Nós tomamos a decisão de trazer hoje aqui, nessa reunião do ministério com todos os estados, e vamos adotar aquilo que for aprovado pelo Plano Nacional de Imunização", acrescentou.
Outras demandas
Durante a reunião, os governadores também pediram uma orientação nacional sobre a vacinação de pessoas abaixo de 18 anos sem comorbidades. Outra demanda é para que os ministério da Saúde e da Educação elaborem um protocolo para o retorno seguro dos estudantes às salas de aula. Foi discutida também a Rede Nacional de tratamento Pós-COVID 19, para atendimento a pacientes sequelados pela doença.
Durante a reunião, os governadores também pediram uma orientação nacional sobre a vacinação de pessoas abaixo de 18 anos sem comorbidades. Outra demanda é para que os ministério da Saúde e da Educação elaborem um protocolo para o retorno seguro dos estudantes às salas de aula. Foi discutida também a Rede Nacional de tratamento Pós-COVID 19, para atendimento a pacientes sequelados pela doença.
Em nome do fórum, Dias entregou a Queiroga um documento com uma série de demandas, incluindo a que pede a definição de um cronograma de entregas de vacinas pelo ministério aos estados para julho, agosto, setembro e outubro.
"Ele (cronograma) nos permitirá segurança nas decisões, em cada município e, claro, em cada estado. Tendo o cronograma, é possível que a gente, com base em evidência científica, possa tratar de um intervalo menor para algumas vacinas", destacou.
Após a reunião, durante coletiva de imprensa, Wellington Dias anunciou, junto a Queiroga, que o cronograma foi definido parcialmente. Serão entregues 41 milhões de doses em julho e um total de 134 milhões em agosto e setembro. As entregas de outubro, segundo o governador do Piauí, ainda terão o planejamento discutido pela Secretaria-Executiva do ministério.
Quanto à Vacina Sputnik V, cuja importação foi recentemente autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Dias afirmou que o cronograma também será elaborado.
Reunião com a OMS
Ao final da entrevista coletiva, o ministro da Saúde disse que teria uma reunião, ainda nesta terça-feira, com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Ele disse que um dos itens da pauta é a entrega de vacinas do consórcio Covax Facility, da OMS, ao Brasil. Segundo o ministro, das 44 milhões de doses previstas, suficientes para imunizar 10% da população, só foram entregues 6 milhões.
Ao final da entrevista coletiva, o ministro da Saúde disse que teria uma reunião, ainda nesta terça-feira, com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Ele disse que um dos itens da pauta é a entrega de vacinas do consórcio Covax Facility, da OMS, ao Brasil. Segundo o ministro, das 44 milhões de doses previstas, suficientes para imunizar 10% da população, só foram entregues 6 milhões.