O médium João Teixeira de Faria, mais conhecido como João de Deus, foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás pelo crime de estupro de vulnerável contra oito mulheres, durante atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), distante pouco mais de 100 km do Distrito Federal. Esta é a 15ª denúncia contra o ex-líder religioso em quatro anos.
A peça é assinada pelo promotor de Justiça Luciano Miranda Meireles, que coordenou a força-tarefa montada pela instância fiscalizadora, no fim de 2018, para apurar os crimes praticados pelo líder espiritual. As denúncias vieram à tona em 8 de dezembro daquele ano, quando quatro mulheres disseram, no programa Conversa com Bial - da TV Globo-, terem sido abusadas pelo médium.
Na nova denúncia, além das oito vítimas, Miranda relaciona outras 44 mulheres que teriam sido abusadas, mas esses casos estão com a punibilidade extinta, por prescrição ou decadência do direito de representação. Elas figuram como testemunhas “para reforçar a forma de agir do denunciado.”
Segundo os promotores que atuam no caso, as vítimas foram estupradas entre 1986 e 2017 e são dos estados de Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Maranhão, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso e Espírito Santo. O promotor de Justiça Luciano Miranda esclarece que, entre as provas apresentadas, estão relatos e testemunhos.
Condenações
Desde o início das investigações, a Justiça já havia recebido outras 14 denúncias contra João Teixeira de Faria por crimes sexuais. Segundo o MPGO, em três, houve condenação, cujas penas somadas chegam a 61 anos e 10 meses de reclusão. João de Deus também foi condenado a quatro anos de prisão por posse irregular de arma de fogo de uso permitido e por posse irregular de arma de fogo de uso restrito.
Procurada pelo Correio, a defesa de João de Deus afirmou que ainda não foi notificada sobre as novas denúncias e que aguardará a citação do réu para apresentar a sua versão sobre os fatos. “Caso o Ministério Público tenha seguido a mesma linha das acusações anteriores não terão melhor sorte, pois em todas elas as vítimas não apresentaram nenhuma prova, mas reproduziram uma versão automática dos fatos”, disse por meio de nota. “Por esta nova denúncia Fica evidente a sanha em se conseguir benefícios financeiros às custas de João Teixeira de Faria”, finalizou a manifestação