Cientistas brasileiros detectaram a presença do Sars-CoV2, vírus causador da COVID-19, nos tecidos de um feto abortado por uma mulher que teve um quadro leve da doença durante a gravidez. Estudos anteriores já tinham encontrado o RNA do vírus no cordão umbilical e na placenta materna ,em casos semelhantes. Mas essa é a primeira vez que se consegue registrar o novo coronavírus em diferentes órgãos, como coração, cérebro, rins e fígado. Os cientistas também conseguiram demonstrar que o vírus causou uma infecção pulmonar.
O estudo indica, no entanto, que a morte do bebê, na 34ª semana de gestação, não foi causada pela infecção pulmonar. O feto morreu por causa de uma grave trombose na placenta materna, que interrompeu o fluxo de sangue e oxigênio para a criança. Embora problemas com o feto sejam raros gestantes com covid, pesquisadores acreditam que o novo estudo é importante para aprimorar as diretrizes de acompanhamento médico para grávidas que tiveram a doença. O trabalho foi publicado na "Frontiers in Medicine" nesta semana.
"Detectamos o RNA do vírus em diversos tecidos, no bulbo olfativo, na glândula salivar, no pulmão, na traqueia, nos rins, além de na placenta e no cordão umbilical. Com o exame de imunofluorescência, conseguimos também registrar a presença da proteína S do Sars-CoV2 no cérebro e no coração", explicou o principal autor do estudo, o pediatra Arnaldo Prata, do Instituto D'Or de Pesquisa.
Segundo o pesquisador, foi descoberta no pulmão do bebê morto uma grande quantidade de células de defesa , ou seja, uma resposta inflamatória. Ele explicou que destacava essa constatação porque o vírus poderia ter circulado pelo feto sem necessariamente causar a doença. A presença dessas células indica que houve, de fato, uma infecção pulmonar causada pelo vírus. Já a trombose tem causas mais complexas.
"A gravidez é um estado em que a mulher, por questões de mudanças no estado fisiológico normal, se torna mais predisposta a quadros de coagulação", explicou Prata. "Essa é uma coisa esperada na gravidez, por isso as grávidas são consideradas grupo de risco."
A COVID-19, como já está documentado, também predispõe a quadros de coagulação. Os pesquisadores informaram que a paciente não tinha uma predisposição genética anterior a episódios de coagulação. Portanto, a conclusão é de que a COVID-19 somada à gravidez provocou a trombose placentária.
A diretriz atualmente vigente é que, em casos de covid-19 leves, a grávida deve retornar ao serviço médico após 14 dias para controle ou antes, se sentir algo diferente. Como a paciente teve uma infecção praticamente assintomática, ela só retornou ao serviço médico após 14 dias.
"Infelizmente, quando ela voltou, o feto já tinha morrido havia dois dias", contou o médico. "Acho que a mensagem maior desse estudo é que, de um modo geral, a COVIDna gestação não costuma ser grave, mas, uma vez que ocorra, é aconselhável acompanhar os marcadores de inflamação e de coagulação mais de perto e ter uma revisão médica mais frequente."
Caso o bebê tivesse sobrevivido, restaria saber se a presença do vírus em todo o organismo fetal teria provocado alguma sequela. "Isso ninguém sabe ainda", disse Prata. "Precisamos agora acompanhar essas crianças ao longo da vida. No caso dos adultos, já está bastante documentado que a infecção pode causar vários problemas, como déficit cognitivo, problemas neurológicos e insuficiência cardíaca. Nas crianças, ainda não sabemos se teremos problemas adiante."
O estudo indica, no entanto, que a morte do bebê, na 34ª semana de gestação, não foi causada pela infecção pulmonar. O feto morreu por causa de uma grave trombose na placenta materna, que interrompeu o fluxo de sangue e oxigênio para a criança. Embora problemas com o feto sejam raros gestantes com covid, pesquisadores acreditam que o novo estudo é importante para aprimorar as diretrizes de acompanhamento médico para grávidas que tiveram a doença. O trabalho foi publicado na "Frontiers in Medicine" nesta semana.
"Detectamos o RNA do vírus em diversos tecidos, no bulbo olfativo, na glândula salivar, no pulmão, na traqueia, nos rins, além de na placenta e no cordão umbilical. Com o exame de imunofluorescência, conseguimos também registrar a presença da proteína S do Sars-CoV2 no cérebro e no coração", explicou o principal autor do estudo, o pediatra Arnaldo Prata, do Instituto D'Or de Pesquisa.
Segundo o pesquisador, foi descoberta no pulmão do bebê morto uma grande quantidade de células de defesa , ou seja, uma resposta inflamatória. Ele explicou que destacava essa constatação porque o vírus poderia ter circulado pelo feto sem necessariamente causar a doença. A presença dessas células indica que houve, de fato, uma infecção pulmonar causada pelo vírus. Já a trombose tem causas mais complexas.
"A gravidez é um estado em que a mulher, por questões de mudanças no estado fisiológico normal, se torna mais predisposta a quadros de coagulação", explicou Prata. "Essa é uma coisa esperada na gravidez, por isso as grávidas são consideradas grupo de risco."
A COVID-19, como já está documentado, também predispõe a quadros de coagulação. Os pesquisadores informaram que a paciente não tinha uma predisposição genética anterior a episódios de coagulação. Portanto, a conclusão é de que a COVID-19 somada à gravidez provocou a trombose placentária.
A diretriz atualmente vigente é que, em casos de covid-19 leves, a grávida deve retornar ao serviço médico após 14 dias para controle ou antes, se sentir algo diferente. Como a paciente teve uma infecção praticamente assintomática, ela só retornou ao serviço médico após 14 dias.
"Infelizmente, quando ela voltou, o feto já tinha morrido havia dois dias", contou o médico. "Acho que a mensagem maior desse estudo é que, de um modo geral, a COVIDna gestação não costuma ser grave, mas, uma vez que ocorra, é aconselhável acompanhar os marcadores de inflamação e de coagulação mais de perto e ter uma revisão médica mais frequente."
Caso o bebê tivesse sobrevivido, restaria saber se a presença do vírus em todo o organismo fetal teria provocado alguma sequela. "Isso ninguém sabe ainda", disse Prata. "Precisamos agora acompanhar essas crianças ao longo da vida. No caso dos adultos, já está bastante documentado que a infecção pode causar vários problemas, como déficit cognitivo, problemas neurológicos e insuficiência cardíaca. Nas crianças, ainda não sabemos se teremos problemas adiante."
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