A resposta imunológica contra a COVID-19 na maior parte dos homens com mais de 55 anos vacinados com duas doses da CoronaVac é menos intensa. Esse é o resultado preliminar de um estudo coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e publicado esta semana.
A partir da análise de amostras de sangue, a pesquisa indicou que apenas um terço dos homens acima dessa faixa etária teve resposta forte contra o coronavírus. O levantamento observa que a reação ao patógeno cai expressivamente a partir dos 80 anos.
No artigo, os cientistas recomendam a aplicação de uma terceira dose da Coronavac contra a COVID-19. Primeiro em idosos com mais de 80 anos, e, quando possível, em pessoas com mais de 60. "O estudo foi feito a partir da coleta de sangue de 70 pessoas que eram convalescentes, vacinadas com duas doses da CoronaVac no intervalo mínimo de quatro semanas para ser feita a coleta", detalhou Jorge Kalil, da Faculdade de Medicina da USP, um dos autores do trabalho.
Segundo Kalil, três parâmetros foram verificados: a resposta de anticorpos a proteínas do coronavírus; os anticorpos que inativam o vírus; e a resposta celular, cuja ação ocorre por meio da proliferação de células de defesa (linfócitos).
Coautor do estudo, Edécio Cunha Neto, também da Faculdade de Medicina, afirmou que foi medida a produção de duas proteínas, o interferon-gama e a interleucina-2, importantes para o funcionamento das células T ( que fazem a defesa do organismo). Apenas a interleucina-2 apresentou alterações, "o que aponta para uma possível dificuldade na produção das células T de memória, que garantem a resposta imune contra o vírus muito tempo após a vacinação".
Apesar do estudo da USP, a CoronaVac provou ser eficiente. Em maio, o Instituto Butantan vacinou, com duas doses, toda a população adulta do município de Serrana (SP). O projeto mostrou que os casos sintomáticos da doença caíram 80% e as mortes despencaram 90%.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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