Cerca de 30% dos estudantes da rede municipal não entregaram nenhuma ou somente partes das atividades escolares durante a pandemia em 2020. Para contornar o problema neste ano, a Prefeitura de São Paulo vai contratar 70 mães para visitar as casas de alunos que estão ausentes das aulas, mesmo no formato online, ou em risco de abandono.
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COVID: BH aplica 2ª dose em pessoas de 32 e 33 anos na próxima semanaCOVID: BH inicia vacinação de adolescentes com comorbidades e grávidas Sete de Setembro: PM prepara mesmo efetivo do carnaval e eleição em MinasA visita às casas é uma das ações de combate à evasão escolar da Prefeitura anunciadas em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 3, em São Paulo.
Outra iniciativa é o plataforma Busca Ativa Escolar, desenvolvida em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), para identificar, registrar e acompanhar crianças e adolescentes que estão fora da escola.
O poder municipal vai utilizar uma plataforma do Unicef com dados dos cadastros das secretarias de Educação, Saúde e Assistência e Desenvolvimento Social. "Precisamos de um investimento imediato para fortalecer o vínculo dos estudantes com a escola e trazer de volta quem se desligou da rotina escolar", afirma a chefe do escritório do Unicef em São Paulo, Adriana Alvarenga.
As crianças em risco de abandono receberão as visitas das mães, contratadas a partir do cadastro do Programa de Operação Trabalho (POT), desenvolvido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo para famílias de baixa renda.
Para facilitar o acesso das mães às residências, elas vão atuar no entorno de suas casas, na própria região em que moram, com um questionário preparado previamente pela Prefeitura. A remuneração será de R$ 1.150 mensais em um contrato de seis meses.
Também serão contratados 39 estagiários, estudantes dos cursos de psicologia e políticas públicas. Dados da Secretaria de Educação indicam cerca de 1 milhão de estudantes da rede municipal. Do total, cerca de 570 mil estão em situação de pobreza ou extrema pobreza.
Questionado sobre a implantação do programa no segundo semestre do ano letivo, o secretário Fernando Padula afirmou que as medidas estão se somando. "A preocupação com a evasão não começou agora. Estamos trabalhando em rede. É um aprimoramento de uma ação que sempre foi uma preocupação", afirmou.
Exploração sexual
O programa também possui uma parceria com o Instituto Liberta para combater a exploração sexual, um dos motivos que podem provocar a evasão escolar. A parceria prevê o treinamento dos profissionais da Educação e a distribuição de materiais de campanhas de conscientização na rede municipal de ensino.
Dados do Ministério da Saúde revelam que 70% das violências sexuais acontecem dentro de casa. De acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, 85% das violências são praticadas por pessoas muito próximas.
"A escola precisa estar preparada para ser um espaço de proteção onde crianças e adolescentes sintam confiança para pedir ajuda quando vítimas de violência sexual, em especial a violência intrafamiliar", explicou Luciana Temer, presidente do Instituto.