No dia seguinte às manifestações antidemocráticas patrocinadas por Jair Bolsonaro (sem partido) , caminhoneiros que apoiam o presidente bloquearam rodovias federais em pelo menos oito estados nesta quarta-feira: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Rio Grande do Sul.
As manifestações não são comandadas por tradicionais entidades e lideranças de caminhoneiros, que recentemente refutaram participar dos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro.
A paralisação tem sido organizada em grupos de WhatsApp, e não tem ligação com entidades de classe dos trabalhadores.
Em vídeos nas redes sociais, caminhoneiros autônomos dizem apoiar pautas de Bolsonaro e creditam o aumento dos combustíveis aos governadores. Também fazem ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma das publicações, um caminhoneiro afirma que o Supremo "é uma milícia" e que o grupo não vai aceitar que o país "seja comandado por 11 ministros".
Em outro, um caminhoneiro diz que caminhões com cargas não vão passar por estrada na Bahia. "Não está passando caminhão vazio, só passa ônibus, carro pequeno e carga perecível", diz.
Segundo Wallace Landim, conhecido como Chorão e presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, a paralisação desta quarta não é voltada para pautas da categoria e tem caráter político-partidário a favor do presidente Bolsonaro.
"Não estamos participando, porque entendemos que a paralisação é um movimento político. Não tem uma pauta voltada para a categoria. Nossa categoria é muito polarizada, tem gente de esquerda, direita, apartidária. Não tem como levantar um movimento desses com o nome dos caminhoneiros", diz ele, que participou de mobilizações anteriores.
"Está muito claro que esse movimento de hoje tem o pessoal do agronegócio bem forte junto. Em Brasília, 90% dos caminhões eram de empresa ou de pessoas que trabalham para o agro", diz.
Br242, Bahia... #CaminhoneirosNosRepresentam pic.twitter.com/dxf6oXKI48
— @verdeamarelou %uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7%uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7%uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7%uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7 (@verdeamarelou)
September 8, 2021
Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) divulgou uma nota se dizendo "preocupada com os bloqueios" e manifestando "total repúdio às paralisações organizadas por caminhoneiros autônomos com bloqueio do tráfego em diversas rodovias do país, por influência de supostos líderes da categoria".
"Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da confederação Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos", diz a entidade.
Segundo a PRF, nenhuma pista foi bloqueada totalmente. Mas vídeos nas redes sociais mostram grandes congestionamentos em estradas afetadas, como a BR-101, em Pernambuco, que foi paralisada na altura da cidade de Igarassu, região metropolitana do Recife.
De acordo com a PRF do Espírito Santo, quatro rodovias tiveram bloqueios e lentidão por conta de manifestações de caminhoneiros: BR-262, BR-447, BR-482 e BR-101 (nessa última, as interdições ocorrem em quatro pontos da via).
%uD83D%uDEA8 Atenção!! Caminhoneiros fecham BR-101, em Igarassu, no Grande Recife. Bloqueio acontece próximo à faculdade FACIG. Trânsito é intenso no local. pic.twitter.com/57q61OOARK
— Álvaro Vilarim (@alvarovilarim)
September 8, 2021
Na cidade Luís Eduardo Guimarães, na Bahia, manifestantes também impedem a passagem de cargas ou caminhões vazios pela BR-242.
No Paraná, há interdições nas rodovias BR-376, em Paranavaí, e na BR-376, em Maringá.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura afirma que a "PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h desta quinta."
BR-101 Sul tem manifestação em nove pontos https://t.co/EFefhJozar pic.twitter.com/pJ9tOoIask
— Portal 4oito (@4oito) September 8, 2021Tentativa de invasão
Já em Brasília, a Esplanada dos Ministérios também continua ocupada por caminhões e por um grupo de apoiadores de Bolsonaro.
Segundo o jornal O Globo, boa parte dos veículos tinha logotipo de empresas de transporte ou do agronegócio, como a produtora de soja e sementes Agrofava e a Formosa Logística, que também serve ao agronegócio.
Imagens divulgadas pelo portal Metrópoles mostram seguranças do ministério impedindo a invasão do prédio, utilizando uma grande grade, que precisou ser fechada às pressas.
Durante a manhã, um grupo de manifestantes tentou invadir o Ministério da Saúde. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, os manifestantes tentaram agredir jornalistas que estavam em frente ao prédio da pasta.
O grupo hostilizou jornalistas que estavam no local. Uma jornalista da Record TV foi encurralada e sofreu ameaças, segundo a rede de TV.
A Polícia Militar do Distrito Federal informou que policiais foram chamados para acompanhar uma ocorrência no local, mas, quando os policias chegaram, a situação já tinha se resolvido.
Segundo a PM, a Esplanada dos Ministérios está fechada, mas alguns apoiadores de Bolsonaro permanecem na região, além de alguns caminhões.
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