O protesto dos caminhoneiros, que fechou estradas em ao menos nove estados brasileiros nesta quarta-feira (8/9), incluindo Minas Gerais, já afeta o comércio virtual. Quem tenta furar o bloqueio tem o carro apedrejado. O relato é de um empresário mineiro que atua no setor de eletroeletrônicos.
Sob anonimato, ele contou à reportagem que, por causa das manifestações, não conseguiu coletar equipamentos, nem despachar mercadorias hoje em função das manifestações. O jeito foi aumentar os prazos de entrega acordados com a clientela em ao menos cinco dias (ouça o áudio abaixo).
"Eu já não estou mais conseguindo sair com coleta. Hoje mesmo quebraram um caminhão saindo do Viana. Ninguém entra e ninguém sai. Não consegui subir nenhuma carga da Eletrolux, a da Multilaser está parada. Parou geral. Tive que aumentar prazo de entrega. Pedidos meus que eu vendi no final de semana, vão chegar todos atrasados. Está uma loucura. O cara da Rebolsas foi tentar coletar lá hoje, quebraram o carro dele. Hoje mesmo, não recolhi nenhum pedido", conta o lojista.
Em Minas, caminhoneiros associados ao Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sinditanque-MG) bloquearam um trecho da BR-040 próximo de Paracatu, Região Noroeste do estado.
De acordo com a concessionária Via 040, a manifestação ocorre no KM 44 da rodovia, no entrocamento com a MG-188, perto de Unaí.
Delegacias regionais da Polícia Rodoviária Federal relatam atos em ao menos mais oito estados: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O presidente do Sinditanque-MG diz que as manifestações são solidárias às reinvindicações dos atos pró-governo realizados nesta terça-feira (7/9), que pediram fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar. O movimento mira sobretudo o ministro Alexandre de Moraes.
Na sexta-feira (3/9), o magistrado autorizou diligências requeridas pela PGR que resultaram na prisão do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo, investigado por suspeita de envolvimento na organização de atos antidemocráticos de 7 de setembro.
Moraes também comanda inquéritos que investigam Bolsonaro. Um deles é o das fake news, que apura a divulgação de notícias falsas e ameaças a ministros da Suprema Corte. A ação embasa o pedido de impeachment protocolado pelo presidente contra o ministro no Senado Federal em 20 de agosto. Bolsonaro acusa Alexandre de agir de "modo parcial, sendo ao mesmo tempo vítima, acusador e julgador da investigação.
ICMS
Outra bandeira do protesto é antiga. Segundo o líder sindical, trata-se da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrada em Minas sobre os combustíveis, fixada em 15% - a maior do Sudeste.
O Sinditanque-MG quer redução da taxa para 12%, mesmo índice praticado em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.