A servidora pública Tatiana Thelecildes Matsunaga, 40 anos, abriu os olhos pela primeira vez, na tarde desta quinta-feira (10/9), após ser atropelada pelo advogado Paulo Ricardo Milhomem, 37. Apesar da boa notícia, o pai dela, Luiz Sérgio Machado, 65, diz que a situação ainda é crítica e ela segue internada na unidade de tratamento intensivo (UTI) do Hospital Brasília.
Segundo Luiz, Tatiana ainda não consegue interagir com as pessoas ao seu redor. "Ela continua na UTI e segue recebendo oxigênio pelo respirador. Abriu os olhos, mas olha pra gente de forma vaga, não interage", diz. A servidora pública já passou por seis procedimentos médicos desde o acontecido no último dia 25 de agosto. "Foram duas cirurgias na cabeça, uma no pé, duas no abdômen e uma traqueostomia", explicou.
De acordo com o pai de Tatiana, ainda que seja um singelo avanço, a família celebra e espera pela recuperação da filha. "Agora tem que aguardar. Os médicos dizem que é importante conversar, incentivar, mas que o tempo é dela. Não existe tratamento, depende do tempo de reação que o corpo dela vai ter aos procedimentos que passou", diz Luiz.
Relembre o caso
Por volta das 9h do dia 25 de agosto, Tatiana saiu de casa para buscar o filho mais cedo na escola, pois o menino de 8 anos não passava bem. Na volta, a servidora pública teria sido "fechada" por Paulo Ricardo, que dirigia em um Fiat Idea cinza. Os dois tiveram uma discussão no trânsito e o advogado começou uma perseguição.
Imagens das câmeras de segurança de imóveis no Lago Sul registraram o momento da perseguição. Após 3km, na frente da casa da servidora, eles se desentenderam novamente. A servidora pública saiu do carro, foi em direção a Paulo Ricardo, mas voltou ao próprio veículo para buscar o celular e gravar a situação. Nesse momento, o advogado a atropelou.
Minutos depois de atropelar Tatiana em frente à casa dela, Paulo Ricardo reaparece nas gravações. Desta vez, às 9h39, quando pegou o caminho contrário ao que percorreu durante a perseguição. Por pouco, ele não atingiu outro veículo. Ele foi embora sem prestar socorro a Tatiana.
Liberdade negada
Paulo Ricardo teve o terceiro pedido para deixar a prisão indeferido pela justiça na noite da última terça-feira (7/9). O desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Sebastião Coelho não aprovou a liminar solicitada pela defesa de Milhomem para que ele fosse colocado em liberdade provisória.
Além disso, integrantes do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) decidiram, no dia 31 de agosto, suspender por 90 dias o registro de Paulo Ricardo. O acusado foi transferido do 19ª Batalhão - onde ficam presos ex-militares e ex-bombeiros -, para o Centro de Detenção Provisória 2 (CDP 2), no Complexo Penitenciário da Papuda, na noite de sexta-feira (3/9).
Sem o registro concedido pela OAB, a magistrada Leila Cury entendeu que o advogado não tinha mais o direito de permanecer preso na sala de Estado-Maior. Paulo foi encaminhado ao CDP 2, presídio que recebe presos recém-chegados da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) para cumprir a quarentena. Lá ele dividirá a cela com outros detentos.